quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

sabido com cara de segundo

sabe-se lá
se aquilo que sei
só sei eu

certo, pessoa falou
certo, pessoa avisou

soube que se
depara-se aí
duas caras pode ter

certo, pessoa pregou
certo, pessoa cantou

se acontece contigo
acontece com todos
ou só com você

certo, pessoa chorou
certo, pessoa guardou

se é do tipo de todos
não é novidade
mas cabe dizer

certo, pessou tentou
certo, pessoa voou

porque cada um
vai juntar do jeito
e depois espremer

certo, pessoa berrou
certo, pessoa fumou

e se é do tipo só seu
como ele escreveu
'não é de compreender'

certo, pessoa pousou
certo, pessoa descansou
quero lembrar de não lembrar
do passado bem passado
passado mal passado
passado mais que passado
passado recém-passado
e principalmente
do passado futuro
que contraria no mais das vezes
o futuro passado real
futuro incerto, fruto do acaso, do pouco caso
e assim sendo sucess . . . sss . . . sono

evasivo

é difícil imaginar
que quando se caga
se pensa que se é
que quando se caga
se sai tudo que se pensa
imginar que o que se pensa
é algo mais do que sai
do que sais minerais
não complicais
assim resolverais
os problemas de seus pais

domingo, 6 de dezembro de 2009

sou sim

eu mesmo

essa sairá de uma só vez
não terei outros registros
se não esse que iniciei no início de 2009
com o intuito de intuir
sobre mim mesmo

não nego que sou eu mesmo
o mesmo eu de sempre
com pequenas variações
resultado das contigências
das coisas que se apresentam
ao acaso, de repente

estou na busca
quero moto, não quero fusca
vento na cara
velocidade, fuga do mundo
vergonha disso? não tenho tempo

ando passo a passo
não posso ter pressa
quero rápido, não escondo
mas pressa tem atraso
e não estou atrasado
por mais que digam na minha cabeça

quero tudo e nada
sem filosofia
quero agora!
o futuro será apenas
o que aparecer
eu juro que aturo
qualquer coisa

medo não tem vez
nem voz pra falar
e em seu ouvido
quero falar
a vida não tem lugar para (citações):
experiência, expert, expectativa
é só o devir

o que deve ser?
nada, não temos dever
obrigação nem com obrigado
quero só o que vir
sem expectativa
pois ela é de quem a criou (pode ser eu mesmo)

bom que tudo passa
e nada fica
ou melhor, fica sim
minha Vida
essa semente, esse batimento
meus pensamentos de desde que nasci

vejo além de tudo
por sobre o muro
salto mesmo, não quero saber o que tem lá
estou correndo e com fôlego
resisto sim
não quer dizer que não sofra

como porém não quero ser feliz
tudo bem
só quero ser eu
do jeito que for
mal acabado, por fazer
imprevisível, não procure
porque não vai achar

pode até achar que sou isso
ou aquilo
nem ligo, nem penso
não quero ligar, não quero pensar
quero só amar
de casal ou só

caminho
cama, ninho
banho, sono
café, rapé, pão
descansarei em vários outros seios
devaneio, amanhecer
entardecer, natural
a única coisa que existe

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

blues de canto

as coisas que eu procuro
ao deixarem de me ver
vão me procurar, ou não

vou me recolher, ou então
vou deixar transparecer
tudo que eu louco aturo

atento, cortou eu curo
não quero dor nem prazer
quero não ligar para o não

correr atrás do simples pão
deixar de só querer
e parar de frente ao muro

buscar ver no escuro
é preciso enlouquecer
ouvir de cor a ação

que berra fazendo um furo
com vontade de crescer
seis cordas de violão

qualquer que seja a formação
só vale se ter
se não for para o futuro

um pouco de ar puro
pra treinar e poder
manter à calmo a pressão

domingo, 29 de novembro de 2009

a certeza que transparece
curtir sua beleza na luz dos olhos
imasentir sua inteireza
te chamar de princesa
viver certa realeza
do reino que reúne
eu e você

dança de casal
de salão, sozinho
de quarto e cozinha
cama, mesa e banho

império de limpeza
de fortalezas frágeis
entradas secretas
janelas misteriosas

por onde espio sua mais que nudez
vestida ou nua
sua insensatez
seus secreto sons, tons
provar seus dons
ruins e bons
com a certeza de transpirar

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

tum . . . tum
tum . . . tum
tum tum . . . tum tum
tum tum . . . tum tum
no bate e rebate
repicado, virado
acompanha o relógio das massas
passa carro, atravessa rua
fumaça, corro

meu coração acompanha?
marca o ritmo do dia a dia
funciona melhor a noite?
ou a tardinha?

marca o passo
marcado por seu passo
se nosso amor passa
passa a descompasso
numa passada de vista
e de passado se vive
até a dor passar

dor sem música
intervalo na banda de milhões
a espera de uma melodia
de um tom maior ou menor
mas com harmonia
com uma levada leve
uma linda levada

. . .

a composição solo
busca no descompasso geral
a sintonia pessoal
interpessol, impessoal

soa alto aqui dentro
muda a nota
mudo a nota
anoto cada movimento
uma batida, um momento
no intervalo entre seres
na busca de serem
o que sirva

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

discutir

se quiser
que o que você diz
venha a incutir
numa mudança
numa conduta

quando se pensa
ou simplesmente deseja
que o que se diz
esteja incutido
na própria andança

deixar tudo a limpo
com o desejo infantil
de nunca mais sujar
ou simplesmente para te esperar

deixar claro o que se sente
e conferir com o seu pensamento (doído)
ou seria a meia luz
melhor para este momento?

na escuridão da solidão
qualquer claridade
chama a atenção
acordando o coração

mas cedo ou tarde
há de se apagar
com a voz da sua vida chamando
e o coração adormecendo

não discutir
quando não se tem certeza
vaidade que ignora
a força eterna dos ventos

que preenchem o espaço
entre mim e você
ventania elétrica
que arrasta os sonhos

desilusões e esperanças
arremessadas ao ar da baía
confusas se abraçam
não entendendo a distância

se tivesse asa
voaria até você
e ainda te levaria (ou tentaria)
ao ponto mais alto de nós

nós é uma forma
dessas sem igual
de se amarrar mais de um
ficando ainda acordado

sábado, 31 de outubro de 2009

mim lá? quem dera, ao alvo em Campos . . .
companhia da fumaça
passatempo, passa
corredor, corre
pra onde? pra quê?

curtindo a leveza pesada do tempo
seu conteúdo, sua densidade
fiz fumaça
pra que ela leve
lave, lua, love, livre
alívio, dilúvio
corre solto, entre saltos

presente recém-passado
repassado
persistente, fantasiado
pesado
e claro, coerente

animado ou reticente
se é algo tão diferente
no instante sentido
somente

um instante no tempo
solar e lunar
um peso, uma tensão
na corda a vibrar

um som, uma visão
sabor, cor
perfume, flor
amor e dor

onde estará minha órbita?
(acredito não ser exclusiva)
onde começam os ventos?
em que trocam-se meus pensamentos?

que semente sou eu?
(acredito não ser exclusivo)
sou árvore da mata?
planta de jardim?
(e existe diferença?)
sou erva daninha?

sonho acordado
o peso da realidade
só por sonhar
quero mesmo é deixar
o vento levar minhas folhas
porque só resta de fato
o que resta do fardo
nem escuro nem claro
o resultado pardo
de cara inventado

sábado, 24 de outubro de 2009

vi torto
no espelho
este ser eu
já sido, desesperado
sou o que fui na procura de ser
mesmo sem querer
como se fosse sendo
indo, rindo ou chorando
ou ainda
nem um coisa nem outra

quando se cai em um sonho
voltamos assustados para a realidade
e eu que sonho acordado?
sonho ser,
ne realidade
acabo sendo,
mas só me resta realmente o nada
o nada querer ou pouco
olhar para frente
sem juntar o que passou
porque serei só
o que imaginei
e vi torto

onda urbana

pegando jacaré nas multidões
peneirando um mundo de ilusões

se peneirar elas aparecem
e se bobear elas te pegam pelo pé

buscando um bocado de visões
atravessando um espelho de razões

se cara, frente, muro
quebra, não se requebra

sábado, 17 de outubro de 2009

monólogo romântico

sou eu que lhe escrevo agora nestas linhas. sim, sou eu, eu que falo e penso e que, quando me percebo não me reconheço
vi no céu uma estrela, a única desta noite, ao lado de muitas nuvens e ventos. felizes são eles que estão no ar mais próximos dela. ah . . . e as suas liberdades . . .
nesta noite calma não consigo imaginar uma vontade sequer, apenas senti-las em todo o meu corpo. desejo todas as coisas do mundo vendo esta estrela, voaria e a tocaria como um instrumento bem tocado, com atenção e zêlo
quero tudo por algum momento, neste momento, nesta hora em que lhe escrevo. meu amor, falo sozinho com você, porque você sou eu . . . meu amor, quero realizar tudo que lhe convém, contanto que não corra
amo a calma, a atenção e o zêlo, amo assim ou assado, amor acelerado, mas não apressado . . . se carinho fosse rápido, teria outro nome, sairia caro para o coração
não quero nem caro, nem barato, quero dado, querido, agarrado, escrito, lido, quero por um fio nestas linhas, por um fio, vida por um fio
no rastro destes fios, fios d'água, de telefone, sigo, confio desde que os rastros o vento apague e fique um segredo . . . te amo . . .

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Lice por um Triz na Trilha

"acontece - momento"
acontecimento
movimento
vento
sinto
pensamento lamento
lento sento
atento tento
pinto minto
era uma meta
muito engraçada
não podia
ser realizada

você podia
achar que sim
mas ela
podia não

você queria
ficar quatro dias
sem sapato
de pé no chão

mas não podia
ir na rua
porque lá
sujo é o chão

imagine
você aí
o fim
disso daqui

a tal meta
foi esquecida
de uma noite
para o dia

e amanhã
bem cedinho
vai sobrar
ela escrita

foi-se a meta
com suas iguais
para o mundo
do nunca mais . . .
fruição
frui são
porque
são as fruições
porções
frutos
da árvore que somos
húmus
minha fotossíntese
respiração
coração, corações
fusões, confusões
profusão de sentidos
realizações
materialização de uma ânsia
anseio de ver-se
verso
não no espelho
mas na sua negação
fora . . . dentro
superação

sábado, 10 de outubro de 2009

passagem . . .

. . . sobre o prato do desejo e da aflição . . .

2006, 20 anos, hoje 23
nada eu sei
já senti e pensei várias coisas
e bem variadas
sistemas acabados ou nem tanto
longe de ser de um lado ou outro
tridimensional
plural
multitudo
animal
de fera e paz

23? qual é a diferença?

várias e variadas

um jogo de dados e feitos
realizados ou só pensados
animados e nem tanto
amizades e . . .
ah . . . intimidades, cumplicidades
correndo como tudo
pelas águas como tudo
pelas águas geladas
mornas ou quentes
correm sem parar
confortante ou não

SIM!
sim sala bim
bim sala sim
assim ou assado
sentimento e pensamento
querer estar bem
ou ter razão
pontos, 3D
Dádiva
Dor
Doente
pela Vida
e o que ela tem
e se ela não oferecer
peço ou tomo de assalto

Ah . . . saltos
errados ou certos
Dados
Doídos
Doidos
Distantes
Devagares
sou de vagar pelo mundo
vagaroso
viajando
vendo
o movimento do vento
assobio do girar universal
e de movimentos gerais . . .

terça-feira, 6 de outubro de 2009

amor
calma
silêncio
palavras
carinho
beleza
leveza
calor
pele
cheiro
vontade
arrepio

humm . . .

sábado, 3 de outubro de 2009

comunicação
comunicadores
comunimáquinas
comunicultura

comunicão
comunicado
comunicaandeiro
comum
o fato consumado não consuma o fato de fato . . .

o objeto não objetifica a necessidade do objeto objetivamente . . .

qual é o seu objetivo?
uma objeção
uma injeção
um aditivo
algo bastante subjetivo . . .

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

devoção
deve ser
que você é são?

deve não
você é só
não são

nem é são
quando só
pensa que são
não é

shii solidão
quando só
lhe dão

devo ser são?
ser sim

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Iê! quem mandou viajar?
quem mandou querer?
Iê! quem mandou provar?
quem mandou rever?
a confiança e o tempo
olham de longe
vendo a si mesmos
observando os ventos

o medo e o tempo
esgotando a vida
imaginam seguranças
na reta final

tempo de duas caras
des-espera-nças
espero ao longe
desesperaí!?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

violência não é moral
não é do mundo pessoal
violência é um fenômeno social
deve ser entendido da maneira total
acontece que para grupos sociais
a solução é o outro mundo
o extermínio
enquanto determinados grupos
adiamento do escrutínio
ou candidatura do seu filho
para o Outro o outro mundo
para a sombra negra dos hotéis da zona sul
o uniforme negro, a voz sombria
capitalismo, capitacídio
faca per capita na caveira
marcou bobeira?
ou não marcou, reagiu?
problema social seu
ninguém viu
e se visse
problema per capita somente
classe, grupo, cor? nada
tudo igual, normal, natural
na moral
a massa humana ronca
caga
comem sem saber de onde vem
pagam a não sabem quem

esses sujeitos invisíveis
com uma discrição
típica de uma sociedade de classes
agradecem a preferência

vida urbanal
banalizadora das relações sociais
tudo junto e fornecido
democrática e organizada

quem faz a realidade são eles
quem mantém ela sou eu!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

sou um ser estranho a mim mesmo
sou o que sou e o que não sou
sou o que fui e o que não fui
mesmo quando estava sendo
cindido, incompleto
inclusive na percepção de mim mesmo
ser estranho eu sou
e todos os meus iguais
bem diferentes
mas de alguma forma
biosociohistoricamente semelhantes
ser humano
estranho estado
estranha existência
arrepios, suores, desesperos, prazeres
emoções, ficções
hinos, bandeiras
. . .
somos um bicho que pulsa
e uma consciência parcial
meu coração bate sem que eu mova uma especulação sobre a existência . . .

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nossa imaginação de milagre
está ligada à própria Vida
Centelha, estopim, fagulha
milagre do mundo
mistério dos inícios e fins
em meio a tantas surpresas
imprevistos previsíveis
impossíveis previsões
factuais
momentâneas
corrente
corrente que arrasta o quê?
E a Natureza, a velha protetora, tomou
A criança em seu colo,
E lhe disse: "Aqui está um livro de Histórias,
Que teu pai escreveu para ti."

"Vem, vagueia comigo", ela disse,
"Adentre regiões ainda virgens;
E lê o que ainda não foi lido
Nos manuscritos de Deus."

Longfellow. "O Quinquagésimo Aniversário de Agassiz"
nascer e pôr do sol
fases da lua
são mais fundamentais
do que qualquer fundamentalismo
do que qualquer fundação
quero me afundar na matério viva
sou matéria orgânica
minha consciência capaz de mudar curso de rio
só existe com aquela mesma água
com a terra que ela irriga
com a semente que brota
busca a luz
trabalha apenas o suficiente
para crescer e reproduzir
não a si mesma
mas a toda a matéria viva
toda a incessante tarefa da Força
da qual somos apenas sopro.
não quero meu nome em placa
dispenso menções honrosas
quero sim
dias vividos com calma
trabalhar apenas o suficiente
mais tempo de trabalho, dizem maior produção
não quero mais
quero melhor
não quero reconhecimento
quero sim conhecer
os pequenos prazeres
das cores, cheiros, sabores
inúteis afazeres
belos dizeres
calma
um dia de cada vez
sombra, brisa, calor
sou um bicho
não posso me esquecer
tenho também que parar de lembrar
certas coisas, é claro.

Cultura

" . . . as plantas deveriam ser estudadas através de suas relações com o solo, de um lado, e as práticas agrícolas locais, de outro." Sir Albert Howard. "Um Testamento Agrícola".

sábado, 15 de agosto de 2009

acaso
é caso de,
caso fosse
casualmente ser
caso sério?
acaso
o caso é,
numa casualidade,
ocasião de realmente
ser caso?
caso?
coisa nenhuma
ou seria caso de pensar
caso de loucura
caso de polícia
caso fosse
realmente . . .
mas quanto casório!
quanta ocasião de ser
caso você,
caso de loucura,
casualmente fosse
um caso
você, eu, ao acaso . . .

domingo, 26 de julho de 2009

convencer
é vencer com
pedro sem zezinho só
harmonizar
amizade
condução
sinal
sintonia

cultura convence
seres anônimos
desfigurados
desamparados
convencidos por aqueles que querem
fazê-los acreditar
que estão sós

sociedade só existe convencendo
quem diz que é competindo
que fale sozinho
pessoa convencida
esqueceu o com
só quer vencer só

a vida só existe convencendo

sexta-feira, 17 de julho de 2009

as folhas das árvores tem validade
ontem, mais frio, vento, folhas na árvore
hoje, menos frio, vento, folhas voando
ontem nublado
hoje sol
concluindo: as folhas quentes caem mais fácil
será dilatação? será fotossíntese, desgaste, chão?
viva à ciência dos homens!
aos homens da ciência
a validade de suas vidas
calor, frio, vento, alimento, chuva, sol, terra, chão . . .
qual a diferença
entre o sonho acordado
e o sonho dormindo?
num estamos distraídos
e noutro concentrados
mistério do sono
estado, vivido
desligado
nossos pensamentos dizem muito do que pensamos
nossos sonhos dizem muito do que sonhamos
mistério do sonho
mistura
de pensamentos e imaginações
ações imaginárias
possibilidades, confusões
forno silencioso
pensamentos, derratam-se!
fusão
previsão? não, revisão
sonho
pensamentos
possibilidades
imaginação
expressonâncias . . .
irreais
costumeiras
virtuais
varia sons . . .
palavras
falseadas
dor, lavras!
emiticências . . .
tentativas
pausas
discursivas
desesfera . . .
contida
mentiras
sem vida
esperansonho . . .
desejo
confusão
não vejo
alucinagem . . .
não ajo
sozinho
viajo

sábado, 11 de julho de 2009

que amor estranho
esse que é medido
naquilo que você pode violentar
seja a si ou outros próximos
que estranho sucedâneo do amor
a imaginação do que você seria capaz de abrir mão
para satisfazê-lo
de arriscar-se
para protegê-lo
não basta o zelo?
esse amor de pátria
com hino, bandeira
policiamento ostensivo
investigações judiciais
guerras de contenção
interesses político-econômicos
da economia humana fundamental
administração de suas posses
produção de suas satisfações
arre amor econômico!
são marionetes aqueles que pensam que são senhores de si. não percebem os fios que lhes prendem. desde as inevitáveis ligações químicas e elétricas espontâneas naturais, até as injustificáveis invenções racionais paradoxalmente imprevisíveis.
imprevisibilidade capitalista
eu perdi alguma coisa?
mundano, profano, bichano, gatuno, punga
mal contada, mal dita
sujeitos a todo vapor
sujeitados, pasteurizados
nos ímpetos de realização
não se perguntam quem ganhou ou quem perdeu
quem trouxe e quem vai levar
"faça parte de nossa equipe de sucesso"
gangs, hordas, patotas, times
o sucesso de uns não pode ser de outros
"trabalha e confia", diz a bandeira
desconfie, devia orientar, já que nos sequestrou
nos mantém dentro da rede de fios condutores
gang das gangs, horda das hordas
g8, g20, g3, armas, mecanismos
euforias pessoais, bicho humano
feliz por necessidade, por condição natural
chora, sofre, morre
para euforias de hordas, times, gangs
"equipes de sucesso", bope
já se perguntaram quem fez a matéria prima, derivada das ligações químicas e elétricas espontâneas naturais, que vira plástico do pó do café que você vai pagar "2,50", junto com um bolo composto de reações químicas e elétricas entre substâncias derivadas de diversas e variadas relações?
eu perdi alguma coisa?
não só perdi, como fui roubado . . .

terça-feira, 7 de julho de 2009

suas particularidades
minhas paixões

suas vicissitudes
meus vícios

seu prazer
meu lazer

sua vida
minha vez
são coisas da minha cabeça
passam pela sua?
penso coisas na minha cabeça
que passariam pela sua
pode ser que passem porém
pode ser que sim
mas nada que seja porém
tão significativo assim
incidências conjuntas
mera coincidência
nada que despenda
tantas pendências
consciência . . .
máquina ligada
visor acionado
e possibilidades, movam-se!
especulações, imaginações
confusões, quando fundo-me com elas
sem perceber que são
especulações, imaginações
confusões, quando fundem-se
adquirindo densidade
sensível à mão
bem no coração
você, aqui
o que sinto por ti
sei, bem
imaginei, sim
confundi?
não se trata de objeto de ciência
abismo surdo e mudo do outro
humanos, idênticos
consciências . . .
máquinas ligadas
visores acionados
e possibilidades
movam-se e cruzem-se
em algum jardim
como duas flores que se conhecem
sem saber, sobre a brisa
e destes encontros mel
gostos, cheiros, cores e formas
reais

medo, cedo, espera

aquele medo da dor
dor física ou de amor
o mesmo medo do não
e até mesmo do sim
a dor já sentida
do mal imaginado
mal sentido
já desesperado
amor pressentido
dor ressentida
do amor não vivido
dor, ferida
não curada
curável, todavia
por todas as vias
que não a que eu sigo
consigo o impossível
e comigo
nada
perfeição
quisera eu!
consigo tudo
comigo
só você . . .
do jeito que for
que se for . . .
do jeito que tiver de ser
topo!
topo do mundo quando penso em você
amor, dor
rima perfeita
sem tirar nem pôr
mas como eu queria que fosse
imperfeita então
no entanto
a perfeição
você
me assola
com imaginação
do oposto da dor
o prazer.
e a realização
do mesmo que sempre
só . . .
solidão

sábado, 13 de junho de 2009

tinha que acordar cedo para trabalhar, encontrar o rei, mas nem por isso dormiu. Ao contrário, usou substâncias até tarde e dormiu na casa de seu amigo que, nos últimos tempos, vem acompanhando em adversos aditivos.
as horas, ou os minutos, parecia que nada passaria até a chegada do sono. esperava-o com a expectativa de que o mistério do novo dia não tardasse, mas o novo dia, esse sim, demorasse uma semana ou mais.
os pensamentos davam demonstração que não descansariam, mas, estranhamente, certo conforto era sentido algumas vezes. o conforto se enfraquecia com a tensa lembrança do relaxamento necessário para o sono.
isso era novo. cada vez mais frequente a necessidade de agir para dormir. não só em relação ao sono, porém, também nas refeições, nos descansos, uma ação reflexiva. preparar a fome, o sono, a vontade.
um dos pensamentos confortantes era a visão do livro 'do ato ao pensamento'. se adequava a tudo que recentemente vinha vivendo. mas em sua cabeça vinham muitos livros e afezeres que interrompiam a calmaria com a paradoxal pressa para descansar.
acreditava que reagindo ao ataque e a confusão dos livros e vozes poderia, enfim, dormir. reagia com a idéia de que não adiantava desejar, tinha que prepará-lo. a adaptação do sono ao rei, passando por alegorias . . .

ser sisudo

dente do juízo
mas o que é o juízo?
aquilo que sempre busquei contendo cada instante
na esperança de apreendê-lo
ou o contrário disso?
nada conter, nada temer de antemão
o juízo deve ser a dúvida então
a incerteza transformada em tiro certeiro
no alvo da vontade
há muito já contida pelos outros aqui dentro
outra será a vida ajuizada?
se eu tiver juízo não penso sobre isso
não adianta
não se adianta nada adian(tan)do
entre parênteses

domingo, 24 de maio de 2009

vidamundo

escuta o que mundo diz
e depois responde
porque o que você lançar
pode passar longe

o vivo é mais do que eu
voz enérgica, imaterial
sonora a ouvidos ampliados
surdo, escuta

o vivo está em mim

escuta o que o mundo diz
e depois percebe
porque o que você emudecer
sem ver padece

luz alta, nervoso
corrente auto-gerada
elétrica, estado de choque contínuo
lanterna, chão

quarta-feira, 20 de maio de 2009

substância

sempre imaginei
e tenho certeza que não só eu
e também
de que pensaram de maneiras bem diferentes
que somos de tipos tais
tal ou qual sujeito
possui uma complexa
realização antropomórfica típica
entendi!
daí os heróis cada um de uma cor
uma habilidade, uma fraqueza
será que a tal flexibilização do trabalho . . .
só sei que duvido se entre as formigas
não tem uma que seja melhor em cortar
e outras, ainda, em morcegar
necessitaríamos de romper nossa constituição
de cara vemos que umas são soldadas e outras operárias
ah . . . mas com elas é tudo biogenéticoelétrico
mas nossas biogeneletricidades interiores
essas sim, ou essas não
essas tem lá suas particularidades . . .
um mundo subjetivo biogeneticoelétrico
para UMA formiga somos todos, ou não
de um mesmo tipo
insetos, seiva, carne, sangue. vegetal

terça-feira, 19 de maio de 2009

O olhar
expressão de profundidade,
artificialidade . . .
superficialidade?!
expressão

(contra-band)

domingo, 17 de maio de 2009

analogia é uma orgia de idéias
. . . viaja pelos raios cintilantes
caminhoneiros de um mundo bem distante
trazem e levam novidades de outras épocas
estranhamente não sabem nunca de onde vieram
nem saberão nunca para onde irão
seres carregadores de uma carga universal
sentinelas e patrulhas
por sobre as vielas
a vigiar
a manter o trabalho andando
em meu coração e mente
quem saiba que comente

sinal amarelo

para quem vê o sinal
para aqueles que mal veem o sinal
param, esperam
seguem

em busca, cegos
egos, autômatos, atômicos
atonitadamente
supersticiosos e precavidos

em busca de serem
seres, vindouros, vivos
misteriosamente
andarilhos e descomprometidos

puxa . . . mas quanta busca . . .
quanto será que custa?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

como tinha gente
a volta, perto ou longe
na visualidade e na reflexão
da realidade
acabo que me dissolvo
sendo só, amplo

acordar a noite
e ver que ainda falta sono
e você sem
a contradição da idéia
de que todos dormem
e a objetiva
solidão desperta
enchem a consciência
de uma substância solvente

dissolução
olhar situado a um pé do objeto
pensamento a um pé da idéia
pisando manso, devagar
olhando não só para frente
mas para os lados

nesse mundo
como tinha gente

terça-feira, 5 de maio de 2009

no interior da perspectiva
sem precedências
preponderante
desde os ramos do negócio
até a ciência (itinerante
consciente, toda crente
associada à toda gente
de caráter errante
em sua economia)
reina reis do passado
presente do futuro
festa que é chacina diária
confuso, continuadamente
obtuso, limitado
vida medo pesadelo
dialética subjetiva
da contradição na narrativa
o contrários das luzes
dos anjos
sonho, fetiche (brilho
da luz dos nossos olhos
lanternas
sobre as coisas)
os fantasmas
espectros que rondam
nosso continente constitutivo
que é pedra, terra, carne
vida agregada
contradizer
polarizar
. . .
resolver
. . . ou
sucumbir
. . .

quinta-feira, 30 de abril de 2009

minhas palavras
são algo que não sou eu
sou o que faço e vário
sendo sério ou otário
elas não pertencem a mim
nem eu
que brotem nos cantos
e para lá pássaros fujam da rapinância
repugnância
que brotem nos cantos
na ânsia coerente
da coerência de cada um
pássaros não voam com uma asa só
tenha dó
não me enchem a paciência
falar de coerência não é gaiola
é sim o balançar da rabiola
que de lá pra cá, vai e volta
se enrola, desenrola
e vai compondo o movimento atmosférico
periclitante
mas resoluto na relação com o vento
e com o sujeito e seu intento
atento e distraído
em dosagens e overdoses
dosadas
palavras são como peido
por que a culpa é de quem soltou?
todo mundo solta
a culpa é delas mesmas
são elas que machucam
são elas que nos dizem
são elas que comunicam
sou as palavras que escuto
e as que não disse
e mais, nada
como posso ser uma coisa e outra?
sendo, simples
. . .
nos vários sensos
desde o comum até o moral
de vários espaços e tempos
lá fora e dentro . . .

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Transmitida
transportadora de carga poética
real, profética, erótica
garante em seu estatudo
que senão tudo, quase
entrega sem atraso
extravio ou desvio
tudo à vista, ali no ato, tato, trato
mas pra que tanta precisão?
o que vem primeiro, a fome ou o pão?
possivelmente a Transmissão
seu nome fantasia
fez uma pesquisa de nicho
variante moderna dos antigos ninhos
afinal, quem quiser encontrar um cantador vai procurar aonde?
e nesta oferta de serviço
um dos ramos que cresce também com precisão
aleatória, mas precisa
realiza as maiores facilitações
que nem o modelo gramático-empresarial alcançou
botar em ordem noutro recinto
sinto muito, alheio
os caôs internos pessoais
e gerais de cada um
Transmito. Tudo que você precisa.
essa é sua palavra de ordem
seu lema é ordem e ação
não, obrigado, não quero essa droga
obrigado! como assim?
não quero, ou melhor
prefiro não querer
o que vem primeiro, a fome ou o pão?
sou ainda com fusão
em compreensão . . .

quarta-feira, 22 de abril de 2009

som

um cotoco
um fragmento
oco, sonoro, ressonante
vento, orelha

som

poesia
um estado
um momento
na contingência da existência
resistência do instante
insistência na sensação

siginificado, signifiquência
insulf . . . ciência
escura
quem dirige?
o poeta . . .
leitor e escritor?
a mal dita escrita?
a maldição da audição?

som

(treeangulo / band)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

fio d'água

início, meio de chegar enfim
no início daquilo pensado
agora já iniciado
estouro de vida elétrica, ligada
traquila batalha itinerante
aqui a falha
não creio que valha tanto
à pena de não tentá-la
regenera, cura, sara
pára e recomeça
re - de novo - com - eça
nunca li eça
sei que tem coisa pra ler
sem que a falha valha
não dá pra ser
telhado sem calha
malha sem ponto
ponto sem vírgula
vi gula e julguei
fogo de palha

segunda-feira, 6 de abril de 2009

pra sempre é muito tempo
tempo de sobra
pra sempre só o tempo
mundo afora
pra sempre não tem tempo
já passou a hora

nem sempre há tempo
pra se cair fora
nem sempre muda o tempo
não melhora
nem sempre se vê a tempo
a vida indo embora . . .
na busca de definir o que se busca . . .

se os ponteiros do relógio fizessem greve pararia a roda da história?

tempo, fragmento, parte, todo
todo, suprema e orgânica arte
mistérios da vida em coisas
desde certas até em mim
mistério do movimento, crescimento
seguir, enfim, findo
findouro
orgânico fim
gosto dos detalhes
do que estaria por detrás
ali escondido
no dito ou não dito

gosto de pensar
se isso, aquilo
naquilo
em mim e no outro

gosto de seguir
o rastro deixado
entre a coisa
e o significado

sexta-feira, 3 de abril de 2009

saudade do destino que espera . . .

pra bom entendedor
meia palavra basta
mas e quando não basta palavra?
meia então nem se fala
basta apenas um ato
incomunicável, completamente racional
irrealizável
perceptivelmente abstrato
sublíneo, terrâneo
gaia, saia
raia intransponível do ser ao ser
do ser eu ao ser do outro
também eu, faristeu
prometeu que roubou o fogo e guardou pra si
não deu, guardou
tão bem até pra ele
pra mim, se queimou
e escondeu dele mesmo
de mim, entendeu

mas nem meia vida basta
não dissolve toda vida que tem
armazenável, comunicável
perceptivelmente possível
irracional
solúvel, saudável
saudade
forma 'impossível', danada
de sentir passar
o calor já passado
e escondido, não realizado
guardo . . .

aguardo

quarta-feira, 1 de abril de 2009

pode ser, pode ser tudo mais
pode ser, pode ser tudo que lhe convém
para ser aquilo que venha a ser
o que você acha que seria
se fosse outrem
e não o nada nem ninguém que você pensa que é

como se para alguém
alguma coisa fosse algo
como se seu vai e vem
levasse e trouxesse
importasse, fizesse diferença
criasse pensamento

. . .
não se trata de um método científico
mas me pergunto sobre a possibilidade
de certas entre as coisas
um exemplo que sempre acena para mim
de tal forma evidente
que não posso adiar ou fugir ao envolvimento
isso também porque se trata de coisa do pensamento
tão somente
mas enfim, o metrô e suas cargas elétricas
o que me garante, ainda mais porque eu aprendi
que campos magnéticos não interferem no sujeito elétrico?
sua velocidade deslizante, aço, vibrante e eu ali
partícula, elétron de um átomo transportador, ou um próton
pode ser neutron, combina mais com meu estado anímico
o espaço dividido com o consentimento de não ter
interações elétricas e cerebrais, estamos em que estação?
mas é AM ou FM? sei que já era PM
interações oculares de partículas e ondas, acho que era onda
invadem e saem em vazios cheios de energia mental
efeito colateral, bem e mal estar numa estação e outra
mas no rádio pode voltar no deslizar do dedo
acho que ali também, com o desligar desse ou daquele interruptor
e deixar escoar a corrente na diferença de potencial de antes
mas dá pra fazer assim, alternada e contínua, na vida de uma maneira geral?
retornar os experimentos, as experiências, as reações
rebobinar com as mãos ou uma caneta . . .
a qualidade não deve ficar a mesma
o humano não supera na grandiosidade o natural
vejo isso de minha existência vegetal, elétrica, animal, máquina à vapores
alimentação, sabores
crescimento, dores
sono, mais um dia de luz e calor,
chuva forte ou chuvinha,
de combinações em número, grau, complexidade
superiores a qualquer invenção ou programa de computador . . .

quarta-feira, 18 de março de 2009

chuva, trovão
paro e espero . . .
a espera de haver,
de que houvesse
o já então havido
indescritível, mas dizível
palavras preenchendo
lacunas de experiência
palavras, transformação
expectativa, devaneio
divagação, devargazão

mas não só de palavra
nem só, com palavras
vive o homem
vive com tudo que cerca
chuva, trovão
silêncio e calor
sono e cansaço
viro e mexo
faço
vira e mexe

tempo e espaço
vazios em que passo
preencho
mas a terra mina
outro enche
esvazia, encho
deixo ali
algo que seja
eu ali
na espera
da espera de haver

espero para esperar
pera aí, não empurra
a firma não tá certa conosco
e eu também quero pouco
espero a espera de atender
espero a espera de você responder
esperando parar de chover

não que não quisesse que chovesse
quero mais que chova
refresque e molhe
deixe leve certo peso
disso estou certo
chova!
com a sede de ultimamente
choveria um bom tempo
foi muito o tempo de espera

mas tenho que esperar
que a chuva pare
e eu recomece
espero e recomeço
espero a espera de começar a passar
passando o bem e o mal estar
espera não com dor
saudade, ansiedade, expectativa

a única expectativa
não tê-la
estando a despeito dela
tendo-a, tendo ela
sem desfazer
mas sem medo de
espero a espera de poder
rever e refazer
prazer
acontecer sabe lá o quê.

domingo, 15 de março de 2009

ultimamente escrever tem sido a maneira de, sozinho, manter o ânimo e até incentivá-lo a animar outras partes do meu corpo e mente que às vezes parecem que perecem . . . tá vendo? é isso, o prazer bobo e da minha infância de sonoras concordâncias que parecem que harmonizam a frequência da minha consciência dos ataques de variadas interferências . . . como a sensação mesma de procurar a estação que quer, passar por umas que nem de perto são ela e depois conseguir sintonizar. tem também quando ali perto da sua estação um som que poderia muito bem ser ela e só no silêncio, no intervalo, que percebemos que não era nada do que pensávamos. gostaria de sentir algum prazer em sentar e ler, mas . . . prefiro escrever. só que penso que ler seria mais uma coisa pra me auxiliar na dissonância diária, falta de pilhas e luz. junto disso tem também a ideia de cultura, de pensar que ler realizações alheias me aproximaria mais do humano e faria com que minhas palavras fossem mais significativas, mais significantes . . . isso já acho que tem a ver com meu signo do zodíaco . . . ah, estrelas, lua, sol, abismo pra cima, poeira, insignificâncias . . .
cada vez mais menos
mais ou menos
aquela coisa assim
aquilo que não sei

somos muito diferentes
tenho quase certeza disso
mas irmãos de uma mesma angústia
angústia estranha
entre outras é claro
imagino . . .

parece que de 22 a 36
o que se deve aprender
é acordar e fingir pra si mesmo
mais ou menos convincente
que tá tudo certo
meio assim e tal
mas . . .

certa dose de felicidade
artificial ou natural, tanto faz
o que importa é a paz
aaaahhhh . . . 1 ou 2 filhos
casados ou separados
sem filhos, destinos

nos indícios de destino quase me afogo
mas acontece algo como nos mitos, não sei
um canto ou um empurrão mesmo
jogado numa direção sem nenhum sentido
num sentido sem alguma direção

por que perco tempo escrevendo, sentindo, pensando essas coisas?
de 22 a 48 não vai se diferente

e alguns insetos que vivem só 1 ou 2 dias?
acho que não dá nem tempo pra desasjustar e ir pra terapia

escrevendo quase me salvei
e o que foi a salvação?
aceitar num lampejo a inevitabilidade
essa, no caso
e imaginar que é comigo mesmo
e vão bora!
é isso aí assim mesmo e tal
mas que tem coisa errada tem . . .
ai, ai, me veem com seus "jogos de cintura"

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ah . . . vira o tempo
vira o dia
vento, pensamento, sensação
estou parado, salvo pelo mundo virtual
sou um ser, vivo, morto
a espera da ave de fogo
como a miração de outrora
que certa vez me levou pra passear na sua cauda
vento, pensamento, sensação

quem sou eu?
o de sempre, aquele reflexo
dialógos de espelho
porque na reflexão
estamos tanto seguros quanto presos
prisão voluntária, hesitação, fuga
nas palavras, nos gestos

sou o que então?
sou tristeza de não ser
a espera da ave que me aqueça
por enquanto tenho tempo de sobra
uma hora sol, calor, luz
e do outro lado a neblina e o frio incomodam

tempo de duas caras
esperança e cúmplice do estrangulamento
o tempo que sorrateiro me ajuda a fugir
vem sorrindo
me dizendo que ainda está por vir
tempo, comparsa da fraqueza e do medo
quando me sequestram da sua presença

sou então alguma coisa que não sou eu?
participo deste ato violento
e ao mesmo tempo vítima
da mesma forma que o tempo
sou um enganador
que tenta deixar indícios de inícios
com pressa, ponho e corro
e pressuponho o tempo
pressuposto falso?

jogo sementes das flores mais bonitas e cheirosas
e das árvores mais seguras
sou então um triste semeador de esperanças?
espero que sim
a espera da ave que me leve . . .

terça-feira, 10 de março de 2009

segue na limitância
de uma signifiquência
equanime como todo resto
sendo grato à natureza
semente da vida

mas contigo não quero nem conversa
sofismáticos elevezamentos
ao sereno que cai
creências em crenças
insignifitude ambulante
crente no NADA sempre presente
presença constante
problemática
e em sua aterrorizogênese
reside o destino e a angústia
o tempo e a desistência

solavanco suave
imperceptível
canto do destino
antes sempre isso
ao gatilho pressionante da bioconsistência
violência sufocante ao
supraregente
todo nada, todo total
contigo e com tudo que moves
gosto e acredito

mas nós, caça fantasmas
aprisioneiros dos expressentimentos

aceleracionando no suavizado
chão de paradoxologias
nadas possíveis e finitos
Ah . . . sinto leve, quero
uma brisa, ciclone tropical
café, manteiga, cheiro

encandeeiros de feixes
travessias e partidas
com um passo calmo, feliz
com idas e vindas
sem hora, na hora, agora
ensejos harméticos
desejos epilepiantes
faca, queijo, pão, vida

dentro e fora
contrários da mesma coisa
leis da hidraumetria
desalocamentos virtuais
de matéria relativa
em recipientes aleatórios
processaminência
enjoo marítimo
aquaticologia
retroativos na medida da satisfação
seja o que seja

domingo, 1 de março de 2009

certezas, certezas
culpas e riscos
cada um no seu quê de próprio
referente a algo que sou eu
no instante presente
contínuo, todavia
por vias que são somente
como um risco a lápis
uma linha reta, certa
curva, sem culpa
nem minha nem delas
certo estou de certas coisas
não posso me sentir culpado por isso
é um risco, reconheço
mas esse ou aquele risco
já conheço
desde a certeza de até a culpa da
fazer, escolha
rastejar, perder, chorar
voar, ganhar, sorrir
cada momento, instante
nos seus quês de particularidades
especificidades
ades, ades, dades
arre!
quero (não) sentir culpa
por -não- arriscar
naquilo em que eu
contínuo presente
cauda feia de elefante, pesado
(não) quis com a certeza da minha manhã
mas que manha!
mã, m, hummm . . .

sábado, 21 de fevereiro de 2009

parto de volta

não adianta, tá feito
mas não será refeito
bato firme no peito
esse efeito, esses efeitos
não quero mais
não desse jeito

mais vale a paixão doída
porque não realizada
ainda
do que esta cisão

prefiro a vida ali reservada
mesmo que sufocada
do dia inteiro passando
a espera de mim.
parece ruim mas não é falso
não é forjado
é a alquimia natural dos pensamentos e emoções

cansei de querer subir, viajar
lá de cima, vertigem

cansei de correr atrás do trem
vou a pé, devagar

quando e como chegar
são questões que aos poucos hão de calar
ou ao menos perturbar, apressar
vou aprender a esperar e falar
sujeito vegetal
não se atormenta e cresce
raiz forte, corpo rijo
existência perene
agradecer e pedir perdão
sorrir e abrir o coração
razão na medida do sono tranquilo
e muito amor
na medida da raiz, caule e folha . . .

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

não sei explicar o que acontece
no sobe e desce
sobe e desce do meu coração

bate, bate, bate
não bate mais, parou
pensa que não vale a pena
agora, pena que não pensa
que continua a bater

à falta que a presença faz
nem de perto nem de longe
entrei em contato
com o mistério
fiquei ali, só

só é quem fica ao meu lado
mas só, nem imagina, imagino

imaginei que só é o que me bastava
e só, a saudade apertava

como posso viver sem ser só e eu?
ah . . . só é tudo que deus me deu

ao deus dará só caminhamos
mas paramos
paramos para olhar as belezas

não quero mais só
ou melhor
quero só, você e eu

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

entre céu e mar
ali no entremeio de substâncias
carregadas do mesmo mistério
densidades moventes,
circundantes
envolventes
cada um de nós, matéria
movem-se por aqui, lá
circundam aquilo que por algum motivo
algum mistério
ali no entremeio de dentro e fora
surge um envolvimento
que passa a ser ar, água
matéria de pensamento
horizonte
só consigo imaginar como se tudo fosse pra ontem
como se já fosse sempre sendo tudo, tudo mesmo
tão imaginativo é o futuro possível esperado, já sentido
mas e o presente?
mero detalhe agora, porém mais que imperativo
afinal
lembrando que só nos resta o contingente, incerto
horizonte entre dentro e fora, influenciando-se mutuamente
língua, boca, dente com dente . . . suspiro . . . presente

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

para mim, acho que só cabe falar de mim, parece complicado, difícil, se expressar . . . até mesmo definir o que, como, para quem falar. isso me causa certas dores que compenso, como uma criança boba, através de um jogo em que pareço ser meu próprio adversário. não digo que aprender a jogar não seja interessante, exercitar certo ofício. mas como uma criança mimada não sei a hora de parar de jogar e chego a me perguntar se quero sempre ganhar. ah . . . às vezes gostaria mesmo é de perder e sentir os prazeres e desprazeres da inesperada derrota . . . e perco, mas na maioria dos casos não basta a derrota, ela é saudade, desejo, fome, sede . . . ah . . . quero água, quero beijo! mas vá parando por aí! vamos administrar pra nós mesmos esse jogo, afinal, não se esqueça que o sólido e as palavras machucam, pedras e ficções . . . a redução ao infinito das inventações, o enredo do jogo em que sou inimigo e observador, as salvações, criam um mundo irreal em que meia palavra mal dita ecoa e me assombra, corro . . . às vezes corro logo, outras permito tocar, falar, sorrir, mas o eco tarda mas não falha . . . a porta para o jogo de cumpadre mantenho ali . . . sou uma criança em muitos aspectos, mimada, boba, birrenta, acho até que sou pouco birrento, mas uma coisa sinto que faço: imagino. saio voluntariamente, covardemente, e as imaginações se emancipam, minhas peças, meus personagens trapaceiam com mais invenções. só me resta pensar, depois de um dia, mais um dia perdido nas ficções, minhas e alheias em mim mesmo . . . quis dizer não e não disse, ficção, quis dizer sim, um sim já demorado, e fico mudo com medo, parado, acuado como um inseto que se finge de morto . . . medo de quê? de mim mesmo, o meu jogador que acha que sabe e só ganha roubando com histórias em histórias, memórias, lembranças e projeções. meu dia me rendeu uma febre e um mal estar. a febre, no entanto, já estava em mim e o mal estar me acompanha quando chega o jogador, que violentamente vem com a falsa paz racional . . . me deixa! pena que durante todo o tempo é ele que eu tenho e me faz companhia, não sei, acho que não sei andar sozinho . . . shiii, ele vem chegando e hoje está fraco, frágil, doente, vem até mim me pedir um afago com palavras, uma cura. acho que se eu falasse mais o que penso, mesmo quando ele me diz que não é a hora nem o lugar, me libertaria se sua dependência. de repente ele deixaria de ficcionar que preciso dele . . . quando ficcionamos não fazemos o que realmente queremos e, no meu caso, o jogador é possessivo e carente . . . as coisas aqui dentro e lá fora ficam separadas por um vácuo, impossível a comunicação e me falta ar! Não quero mais falta de ar, mal estar. será que as palavras vão me ajudar? não sei, espero que sim, verdadeiramente . . .

domingo, 15 de fevereiro de 2009

diferentes formas de ver
existências concretas e históricas
deparam-se com diferentes momentos veementes
- outros não tão convincentes -
mas presentes, vejam os sentidos das ausências
cada pedaço e parte, canto, desse som, gosto, aparência, tato fantásticos
transpassam-se na mente do ser capaz
ajustado nas formas possíveis de deslocar ajustamentos
ser concreto e social
insatisfação, opressão mão a mão assim, cúmplices
com açoites sociais
pedra e vírus
pedra, ordem, ordem e pedrada
durante o transcurso espaço-temporal
do ser cambeante, cego em tiroteio
batemos e apanhamos na carne e eletricidade
gases e outras intempéries físicas e químicas
e nesse tiroteio somos as balas
ferindo-se nas topadas nos objetos, quem deixou ele aqui?
as coisas movem-se estranhamente sozinhas
seguimos rumo ao nada infinito num fantasmagórico navio
com sacrifícios rituais
- navio negreiro, piratas, "pirataria é crime" dizem os homens de bem
relações sociais, econômicas, historicamente variadas
diferentes papéis de ser,
resistências históricas
violências físicas e químicas para o grande navegante à torre
chegar a sua amada mãe-terra e tirar seus frutos
ritual oficial, justifica, justificações
oficializações de agressões, de uma vez ou em sessões
morte lenta, aprisionamento, luta diária em meio ao afogamento
tortura de cada dia, não quero nada dessa covardia
polícia, ordem no ritual, fiscal
"o culto não pode parar, vamos todos trabalhar"
pedaço, parte, sujeita a ser o que lhe cabe
procure logo, veja se sabe
lembre-se que para alguns desses seres, em alguns desses casos
casualidade, a morte cabe, o sacrifício
desses seres históricos e concretos
hardware e software, pedra e vírus
estruturas individualizadas que relacionam-se
no movimento ensandecido, louco, sóbrio
desta desordem descarada, desorganizada
felicidade, satisfação, tudo certo
dinheiro na tua mão, na tua
penso só no pão e pão, e e não, penso também em não
se a tua fé remove as tuas montanhas
elas não são tuas, estão tuas
morros maiores, maiores pedaços dos presentes da mãe-terra
casada na cabeça e no corpo dos seres e seres
com o pai dos negócios, das negociações, organizações, agressões
reivindicações, dominações
modelo insustentável, insuportável, preferência
de cada grupos de seres históricos e concretos
em seus devaneios de satisfação, overdose de vírus
negociadores, organizadores, aos quais o poder tem que ter um bônus
eles mesmos se coroaram
nossos caçadores coletores protetores
atores da peça, do sangrento ritual cotidiano . . .
somos figurantes apenas . . .
ou meros espectadores

sábado, 14 de fevereiro de 2009

doses e doses
dosagens
dois ou três cafés
cigarros, pessoas
amores e desejos
ilusões resultados de dosagens
não sei se certas ou erradas
gosto do aroma das ervas
que estimula, acalma
confunde, ensina
doses e doses
vida e morte
veneno e antídoto
vacina e doença
dúvida e certeza
mesmo que sejam apenas momentos
intervalos aleatórios
aleatoriamente editados
sentidos como se fossem
ah . . . mais uma dose!
não, não obrigado
pensando bem
repenso
ilusão das escolhas e doses certas
das erradas também
a ilusão está em mim
confusão desvairada
descontrolada fusão
objetos, pessoas
onde estará o santo remédio . . . ?
arre, arre
aaahhhh . . .
mistério, mistérios
qual seria a fronteira entre ilusão e mistério?
doses e doses

domingo, 8 de fevereiro de 2009

uma sede de tudo
água cuja nascente brota agora e pra todo sempre
ocupar-me com mais formas de ver, crer, sentir
dissolvo-me na esperança de dissolvido
não sinta mais sede, sou água
sou fogo e tudo mais, humano e não humano
mas já não sou, estou isso tudo sempre?
meu pensamento e meu corpo interligados
interligam, luzes, escuridão, movimento
ligam e desligam, acordo e durmo como se não fosse comigo
como se fosse, sendo, tudo mesmo?
quis porque quis querer ver e sentir, mexer
e me pergunto se o faço ou não seria feito
seria mas eu não teria matado minha sede de participar
de estar ciente, incluído na Vida
medo da morte? ou um desafio silencioso e contido
buscando a imensidão e o retorno
a ida e a volta, voo para todas as direções
sentir os diferentes ares, sentires, pesares, tudo
querendo tudo me defino no todo
meu corpo tem sede e fome, calor e frio
minha alma, consciência, tem loucura e loucura controlada
reminiscências que projetam-se num ciclo infinito em que tudo tem um fim
em busca da busca de tudo, de mim mesmo
parte, folha da árvore?
Sou semente que aspira, respira, voa, cresce
levada por seres e forças
pra lá pra fora . . . pra dentro.
meticuloso mistério de ser
miraculoso ser
que me faz sendo
por entre morros e brisas
carros e verdes
tudo da varanda da minha casa . . .
por que não nos vemos no outro
se somos iguais na diferença da igualdade total?
Ah . . . tão parecidos mas tão distantes
ou seria tão diferentes e tão próximos
ou voo junto ou voo separado
espelho não me diz nada de novo
só me lança num vazio cheio de contornos definidos
formas, certezas, garantias de mim no receptáculo real
alheio, irreal na realidade, incerto, distantes
imagens auto-projetadas sobre si alheios
Ah se os mesmos soubessem
shiii . . . silêncio, o espelho me satisfaz no meu pouco querer
Estou farto
ou voo junto ou voo separado!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Salve

sou um ser disso tudo aí
de lá longe até bem depois.
me beneficio e me prejudico com esta condição
maravilhosa condição
pra ser sincero também comigo
os sabores que acionam coisas
que também cheiram e gostam
tragam as ervas!
detalhes do gosto
como na vida os desgostos
detalhes, momentos
de uma existência alerta
com cores, movimentos
tempera, tempero
uma salada
uma sala aberta ou fechada
detalhe, detalhes
uma amor vivido
dores, desgostos
vida que passa e leva
e acaricia o rosto com a brisa
mudando, oferecendo, novas faces
novos ares
luz de aresta que revela a porta
pronta a mão
luz pura, ar, mar, entra
Salve Mãe Iemanjá,
Odoiá!
vida, milagre, a beleza
temperada, inventada, variada
tempero e faço
desfaço e refaço
do canto do pássaro até eu
o mistério que sou
não acabado, por fazer
Ah . . . mãezinha, só me resta agradecê-la . . .

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sei muito pouco sobre as coisas
acho que faço ainda menos
penso em muitas delas
suas aparências, seus cheiros
desenvolvimento, idéias
mas que fiquem esses pensares quietos
pois uma das coisas que penso
é que tornar presente certas coisas
envolveriam outras tantas
que poderia me perder
sair da inércia
dez - por hora - confortante
Então pra certas coisas serem realizadas
um arranjo de coisas deveria . . .
Cadê a coisa que tava aqui?
Elas fazem isso, já estou acostumado
confesso que não gosto
somem de vista
se escondem atrás de um grupo de idéias
que trocam-se em torno de uma idéia mais velha
cansada, mas de aparência mais lúcida
ou correm por entre alguns desejos
que transpiram fissurados
na vontade que passa
que dá e passa
por entre algumas dúvidas
que discutem sem se aproximarem da conclusão
que voa como um beija-flor
Olha lá uma coisinha brigando com a conclusão
de que ela sendo coisa da minha cabeça
não iria ser sua amiga
e que não adiantava querer convencê-la
disso ou daquilo outro
que estavam mais atrás vendo tudo
De repente um barulho
os desejos correram para ver
as vontades se abraçaram com as esperanças
as dúvidas não se moveram
e eu . . . e eu?
Sei menos ainda sobre eu

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

amanhece mais uma outra vez . . .
há muito tempo
talvez quando amanhecia
quando ainda tinha a desvantagem
de saber pouco ou quase nada
do que hoje estou sendo
Acreditei um pouco contra a vontade
eu admito
que o mundo das coisas seria
com o passar do que não sei que seja
tempo, vento, giro
cada vez mais sem magia
Mas hoje amanheceu mais um dia
grande força milagrosa
que gira, gira o tempo
me enche de vento por dentro
Sou uma máquina a vapores
que misteriosamente percebe
a despeito de qualquer ciência,
mesmo estando mais tempo indo por aí
o grande mistério de ser, brilhando . . .
do dia amanhecido
mistério esquecido
que lento, imperceptível
como uma criança que deixamos de olhar
e quando voltamos já não está lá
vem chegando, surgindo
preenchendo de matéria luminosa
que dá vida as coisas
Chego a vê-las bocejando
Mistério do começo de algo
de alguma coisa sem um sentido certo
claro, porém, o dia
de rumos incertos
somente há incertezas
amiga do tempo
se encontram até hoje e ainda amanhã
e nesses encontros
irradiam feixes de magia
Cheiro de cedo ainda
Ah . . . quem me dera senti-lo com tanta força
quando pareço amanhecer
. . .
tive que abrir a cortina
ouvi o dia amanhecendo
e seu som me encheu
do que eu não sei
mas encheu
Como para um moinho
é um mistério para que giro

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

não quero nada
quero eu
quero me querer
e querer me querendo
quero me amar
ter a paz de quem fala e faz, desfaz
no intervalo de tempo
entre duas brisas
aproveitar na inércia cada movimento
aproveitar nos movimentos cada inércia
me querer quando querer
parar, pensar
sentir para refletir
sem pensar,
refletir para parar
e sentir,
partir ou ficar,
mover-se,
entrar e sair,
proteger-se,
reagir e enfrentar,
perder-se
sem maiores interesses
e quereres
direitos e deveres,
compromissos e afazeres
quando não vier do coração solitário,
solidão por mera condição,
não se trata de dever ou obrigação
mas sim
possibilidade de amor
fusão, difusão, separação
cada inércia
alimentação, respiração
coração que me acompanha
te amo mais do que muitas coisas
mas não se sinta no dever
ou obrigação de retribuir
porque tua condição não é prisão
mas minha, nossa
libertação

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

uma coisa pode ter múltiplos aspectos . . .

refratadas luzes da razão
luminosa experiência
das vindas e voltas
da despedida agarrada
ainda e já ali no canto desfocada
dos fins dos re-começos anunciando
nos movimentos dos feixes

percebidos pelo nervo óptico
estrutura ôrgânica
limitações cheias de possibilidades
percebidas inda assim
como possibilidades já limitadas
como jaula da luminescência de sua fantástica testa
ao menos quando à luminescência, bem na sua frente
realidade com - tinh - gente
que lhe surpreende com presenças não aparentes

ambiente mais que real
jaula da luminescência imã - na - ente
capaz essa sim, no que teria de essa sim
prover os feixes de identificação
re-interpretados inda embora
na proporção do desvio
a posição 1 ou . . .

primeiro contato, movimentos, faltas de provas evidentes . . .

nervo óptico

voo, zoio, menina - cristalina

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

obrigado Deus do desconhecido
senhor dos inconcebíveis
. . .
obrigado pela luz e sabedoria
tranquilidade e harmonia
paz e paciência
pás e ciência
amor e coincidência
. . .
Misterioso engenheiro
sopro da criança
numa bolha de sabão
que voa, avoa
e nos voos dos pássaros
te sinto leve
leve também as folhas
os cheiros, as fumaças.
. . .
Sábio jardineiro
de sementes arremessadas
de vidas entrelaçadas
nascentes e poentes
sobre a beleza sem fim
do azul, verde
madeira, rocha
tu te mostras potente.
. . .
Longíquo poeta
nos confins do universo
onde é que estejas
se é que não estás em tudo
concebe as vidas
leves e pesadas
sopros, arremessos, versos
acordam e dormem tranquilos . . .

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

sambaqui
vai prali vai pralá
samba de lá
juntinho e separado
mas sambaqui
aqui, aqui e lá
pra lá e pra cá
juntinho
separá
ah! separá
de lá vem pra cá
sambaqui, aqui
e não lá
minhas idéias vem
e vão, em vão
até te encontrar
sambaqui
sua beleza
seu sambalá
acerteia, arumeia
daqui pralá
onde cê tá.

sábado, 10 de janeiro de 2009

. . . da janela do ônibus
vejo o rio negro de pedra
(que num dia quente já foi mole)
. . . folhas secas correm entre carros
levadas pelos ventos invisíveis
para onde estão indo?
serão elas tristes?
ou serei eu?
Uma tristeza estranha
me acomete quando penso a folha
no seu vai e vém solitário
ou seria eu?
sua existência simples me atrai
Não fala, não enxerga, não percebe seu nós
. . . enquanto pensava no que dizer
com os olhos virados
fitando desfocados
as sensações e as palavras
Virei folha!
Não tive culpa!
fui vítima como todos os demais transeuntes
figurantes transfigurados
Vi que não falava
vi que não enxergava
nem percebia nós
Tamanha proximidade
. . . quando criança
sempre me atormentava indo a feira
carangueijos vivos amontoados
uns não tinham mais suas patas e garras
Minha imaginação me trans-f-ortava
àquela angustiante aparição
Mas não eram culpados!
Eram vítimas
foram levados pelos gigantes
Virei carangueijo!
. . .
De repente o tédio rompeu o devaneio
Mas por quem somos levados
quando em gaiolas lotadas
não olhamos nos olhos
sob pena de perdê-los?
Ahh, que venha a morte!
Que venha ela como tudo mais
Não merecerá tratamento diferenciado,
não terá atenção especial,
será como todo resto,
minhas vontades e sonhos
Terá minha atividade estanque,
meu sopro estrangulado
Acho que então não te temo por isso,
por te dedicar da mesma forma
o nada que me transborda
Certeza, certezas, não tenho . . .
talvez nem queira
Porém não me assombras mais
do que a própria vida
Ahh, que venha a vida!
com suas inevitabilidades mortais
. . .
Bem nasceu uma flor solitária em um canteiro,
cheia de vida
E a vi . . .
uma graça!
Seu fim? Este eu não vi . . .
que bom! Maravilha!