quarta-feira, 18 de março de 2009

chuva, trovão
paro e espero . . .
a espera de haver,
de que houvesse
o já então havido
indescritível, mas dizível
palavras preenchendo
lacunas de experiência
palavras, transformação
expectativa, devaneio
divagação, devargazão

mas não só de palavra
nem só, com palavras
vive o homem
vive com tudo que cerca
chuva, trovão
silêncio e calor
sono e cansaço
viro e mexo
faço
vira e mexe

tempo e espaço
vazios em que passo
preencho
mas a terra mina
outro enche
esvazia, encho
deixo ali
algo que seja
eu ali
na espera
da espera de haver

espero para esperar
pera aí, não empurra
a firma não tá certa conosco
e eu também quero pouco
espero a espera de atender
espero a espera de você responder
esperando parar de chover

não que não quisesse que chovesse
quero mais que chova
refresque e molhe
deixe leve certo peso
disso estou certo
chova!
com a sede de ultimamente
choveria um bom tempo
foi muito o tempo de espera

mas tenho que esperar
que a chuva pare
e eu recomece
espero e recomeço
espero a espera de começar a passar
passando o bem e o mal estar
espera não com dor
saudade, ansiedade, expectativa

a única expectativa
não tê-la
estando a despeito dela
tendo-a, tendo ela
sem desfazer
mas sem medo de
espero a espera de poder
rever e refazer
prazer
acontecer sabe lá o quê.

domingo, 15 de março de 2009

ultimamente escrever tem sido a maneira de, sozinho, manter o ânimo e até incentivá-lo a animar outras partes do meu corpo e mente que às vezes parecem que perecem . . . tá vendo? é isso, o prazer bobo e da minha infância de sonoras concordâncias que parecem que harmonizam a frequência da minha consciência dos ataques de variadas interferências . . . como a sensação mesma de procurar a estação que quer, passar por umas que nem de perto são ela e depois conseguir sintonizar. tem também quando ali perto da sua estação um som que poderia muito bem ser ela e só no silêncio, no intervalo, que percebemos que não era nada do que pensávamos. gostaria de sentir algum prazer em sentar e ler, mas . . . prefiro escrever. só que penso que ler seria mais uma coisa pra me auxiliar na dissonância diária, falta de pilhas e luz. junto disso tem também a ideia de cultura, de pensar que ler realizações alheias me aproximaria mais do humano e faria com que minhas palavras fossem mais significativas, mais significantes . . . isso já acho que tem a ver com meu signo do zodíaco . . . ah, estrelas, lua, sol, abismo pra cima, poeira, insignificâncias . . .
cada vez mais menos
mais ou menos
aquela coisa assim
aquilo que não sei

somos muito diferentes
tenho quase certeza disso
mas irmãos de uma mesma angústia
angústia estranha
entre outras é claro
imagino . . .

parece que de 22 a 36
o que se deve aprender
é acordar e fingir pra si mesmo
mais ou menos convincente
que tá tudo certo
meio assim e tal
mas . . .

certa dose de felicidade
artificial ou natural, tanto faz
o que importa é a paz
aaaahhhh . . . 1 ou 2 filhos
casados ou separados
sem filhos, destinos

nos indícios de destino quase me afogo
mas acontece algo como nos mitos, não sei
um canto ou um empurrão mesmo
jogado numa direção sem nenhum sentido
num sentido sem alguma direção

por que perco tempo escrevendo, sentindo, pensando essas coisas?
de 22 a 48 não vai se diferente

e alguns insetos que vivem só 1 ou 2 dias?
acho que não dá nem tempo pra desasjustar e ir pra terapia

escrevendo quase me salvei
e o que foi a salvação?
aceitar num lampejo a inevitabilidade
essa, no caso
e imaginar que é comigo mesmo
e vão bora!
é isso aí assim mesmo e tal
mas que tem coisa errada tem . . .
ai, ai, me veem com seus "jogos de cintura"

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ah . . . vira o tempo
vira o dia
vento, pensamento, sensação
estou parado, salvo pelo mundo virtual
sou um ser, vivo, morto
a espera da ave de fogo
como a miração de outrora
que certa vez me levou pra passear na sua cauda
vento, pensamento, sensação

quem sou eu?
o de sempre, aquele reflexo
dialógos de espelho
porque na reflexão
estamos tanto seguros quanto presos
prisão voluntária, hesitação, fuga
nas palavras, nos gestos

sou o que então?
sou tristeza de não ser
a espera da ave que me aqueça
por enquanto tenho tempo de sobra
uma hora sol, calor, luz
e do outro lado a neblina e o frio incomodam

tempo de duas caras
esperança e cúmplice do estrangulamento
o tempo que sorrateiro me ajuda a fugir
vem sorrindo
me dizendo que ainda está por vir
tempo, comparsa da fraqueza e do medo
quando me sequestram da sua presença

sou então alguma coisa que não sou eu?
participo deste ato violento
e ao mesmo tempo vítima
da mesma forma que o tempo
sou um enganador
que tenta deixar indícios de inícios
com pressa, ponho e corro
e pressuponho o tempo
pressuposto falso?

jogo sementes das flores mais bonitas e cheirosas
e das árvores mais seguras
sou então um triste semeador de esperanças?
espero que sim
a espera da ave que me leve . . .

terça-feira, 10 de março de 2009

segue na limitância
de uma signifiquência
equanime como todo resto
sendo grato à natureza
semente da vida

mas contigo não quero nem conversa
sofismáticos elevezamentos
ao sereno que cai
creências em crenças
insignifitude ambulante
crente no NADA sempre presente
presença constante
problemática
e em sua aterrorizogênese
reside o destino e a angústia
o tempo e a desistência

solavanco suave
imperceptível
canto do destino
antes sempre isso
ao gatilho pressionante da bioconsistência
violência sufocante ao
supraregente
todo nada, todo total
contigo e com tudo que moves
gosto e acredito

mas nós, caça fantasmas
aprisioneiros dos expressentimentos

aceleracionando no suavizado
chão de paradoxologias
nadas possíveis e finitos
Ah . . . sinto leve, quero
uma brisa, ciclone tropical
café, manteiga, cheiro

encandeeiros de feixes
travessias e partidas
com um passo calmo, feliz
com idas e vindas
sem hora, na hora, agora
ensejos harméticos
desejos epilepiantes
faca, queijo, pão, vida

dentro e fora
contrários da mesma coisa
leis da hidraumetria
desalocamentos virtuais
de matéria relativa
em recipientes aleatórios
processaminência
enjoo marítimo
aquaticologia
retroativos na medida da satisfação
seja o que seja

domingo, 1 de março de 2009

certezas, certezas
culpas e riscos
cada um no seu quê de próprio
referente a algo que sou eu
no instante presente
contínuo, todavia
por vias que são somente
como um risco a lápis
uma linha reta, certa
curva, sem culpa
nem minha nem delas
certo estou de certas coisas
não posso me sentir culpado por isso
é um risco, reconheço
mas esse ou aquele risco
já conheço
desde a certeza de até a culpa da
fazer, escolha
rastejar, perder, chorar
voar, ganhar, sorrir
cada momento, instante
nos seus quês de particularidades
especificidades
ades, ades, dades
arre!
quero (não) sentir culpa
por -não- arriscar
naquilo em que eu
contínuo presente
cauda feia de elefante, pesado
(não) quis com a certeza da minha manhã
mas que manha!
mã, m, hummm . . .