devo sim tratar as coisas na superfície!
mas que perda não seria deixar de perder-me?
nos vales e leitos das coisas
o subterrâneo entendimento
rasteiro, sublime
lá no alto
nos topos e encostas
a luz e o vento revelam linhas e contornos
diferenciando e definindo toda experiência
deixando certos entendimentos
basta! tenho sim
fora essa emoção científica toda
de permanecer a um pé da coisa
cautela devida
sem mais meio ou fim
somente a devida atenção
devo imaginar
o tal e qual sobre
de maneira que
esta ou aquela certeza
esteja girando
em ciranda
sobre mim
e numa posição de criação
ver-me voltado para dentro
imaginando o eu sentido
uma imagem, densa e animada
vida orgânica
realizadora de projeções
projeto ao meu redor
filamentos do desejo e do sonho
e de repente me percebo
apenas parte desejada de mim mesmo
projeto de mim, do eu
de deus
ah . . . permanecer na superfície
o ar de tão leve
rarefeito . . .
nuvem
chão
pântano, água, terra
devida profundidade