quinta-feira, 30 de abril de 2009

minhas palavras
são algo que não sou eu
sou o que faço e vário
sendo sério ou otário
elas não pertencem a mim
nem eu
que brotem nos cantos
e para lá pássaros fujam da rapinância
repugnância
que brotem nos cantos
na ânsia coerente
da coerência de cada um
pássaros não voam com uma asa só
tenha dó
não me enchem a paciência
falar de coerência não é gaiola
é sim o balançar da rabiola
que de lá pra cá, vai e volta
se enrola, desenrola
e vai compondo o movimento atmosférico
periclitante
mas resoluto na relação com o vento
e com o sujeito e seu intento
atento e distraído
em dosagens e overdoses
dosadas
palavras são como peido
por que a culpa é de quem soltou?
todo mundo solta
a culpa é delas mesmas
são elas que machucam
são elas que nos dizem
são elas que comunicam
sou as palavras que escuto
e as que não disse
e mais, nada
como posso ser uma coisa e outra?
sendo, simples
. . .
nos vários sensos
desde o comum até o moral
de vários espaços e tempos
lá fora e dentro . . .

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Transmitida
transportadora de carga poética
real, profética, erótica
garante em seu estatudo
que senão tudo, quase
entrega sem atraso
extravio ou desvio
tudo à vista, ali no ato, tato, trato
mas pra que tanta precisão?
o que vem primeiro, a fome ou o pão?
possivelmente a Transmissão
seu nome fantasia
fez uma pesquisa de nicho
variante moderna dos antigos ninhos
afinal, quem quiser encontrar um cantador vai procurar aonde?
e nesta oferta de serviço
um dos ramos que cresce também com precisão
aleatória, mas precisa
realiza as maiores facilitações
que nem o modelo gramático-empresarial alcançou
botar em ordem noutro recinto
sinto muito, alheio
os caôs internos pessoais
e gerais de cada um
Transmito. Tudo que você precisa.
essa é sua palavra de ordem
seu lema é ordem e ação
não, obrigado, não quero essa droga
obrigado! como assim?
não quero, ou melhor
prefiro não querer
o que vem primeiro, a fome ou o pão?
sou ainda com fusão
em compreensão . . .

quarta-feira, 22 de abril de 2009

som

um cotoco
um fragmento
oco, sonoro, ressonante
vento, orelha

som

poesia
um estado
um momento
na contingência da existência
resistência do instante
insistência na sensação

siginificado, signifiquência
insulf . . . ciência
escura
quem dirige?
o poeta . . .
leitor e escritor?
a mal dita escrita?
a maldição da audição?

som

(treeangulo / band)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

fio d'água

início, meio de chegar enfim
no início daquilo pensado
agora já iniciado
estouro de vida elétrica, ligada
traquila batalha itinerante
aqui a falha
não creio que valha tanto
à pena de não tentá-la
regenera, cura, sara
pára e recomeça
re - de novo - com - eça
nunca li eça
sei que tem coisa pra ler
sem que a falha valha
não dá pra ser
telhado sem calha
malha sem ponto
ponto sem vírgula
vi gula e julguei
fogo de palha

segunda-feira, 6 de abril de 2009

pra sempre é muito tempo
tempo de sobra
pra sempre só o tempo
mundo afora
pra sempre não tem tempo
já passou a hora

nem sempre há tempo
pra se cair fora
nem sempre muda o tempo
não melhora
nem sempre se vê a tempo
a vida indo embora . . .
na busca de definir o que se busca . . .

se os ponteiros do relógio fizessem greve pararia a roda da história?

tempo, fragmento, parte, todo
todo, suprema e orgânica arte
mistérios da vida em coisas
desde certas até em mim
mistério do movimento, crescimento
seguir, enfim, findo
findouro
orgânico fim
gosto dos detalhes
do que estaria por detrás
ali escondido
no dito ou não dito

gosto de pensar
se isso, aquilo
naquilo
em mim e no outro

gosto de seguir
o rastro deixado
entre a coisa
e o significado

sexta-feira, 3 de abril de 2009

saudade do destino que espera . . .

pra bom entendedor
meia palavra basta
mas e quando não basta palavra?
meia então nem se fala
basta apenas um ato
incomunicável, completamente racional
irrealizável
perceptivelmente abstrato
sublíneo, terrâneo
gaia, saia
raia intransponível do ser ao ser
do ser eu ao ser do outro
também eu, faristeu
prometeu que roubou o fogo e guardou pra si
não deu, guardou
tão bem até pra ele
pra mim, se queimou
e escondeu dele mesmo
de mim, entendeu

mas nem meia vida basta
não dissolve toda vida que tem
armazenável, comunicável
perceptivelmente possível
irracional
solúvel, saudável
saudade
forma 'impossível', danada
de sentir passar
o calor já passado
e escondido, não realizado
guardo . . .

aguardo

quarta-feira, 1 de abril de 2009

pode ser, pode ser tudo mais
pode ser, pode ser tudo que lhe convém
para ser aquilo que venha a ser
o que você acha que seria
se fosse outrem
e não o nada nem ninguém que você pensa que é

como se para alguém
alguma coisa fosse algo
como se seu vai e vem
levasse e trouxesse
importasse, fizesse diferença
criasse pensamento

. . .
não se trata de um método científico
mas me pergunto sobre a possibilidade
de certas entre as coisas
um exemplo que sempre acena para mim
de tal forma evidente
que não posso adiar ou fugir ao envolvimento
isso também porque se trata de coisa do pensamento
tão somente
mas enfim, o metrô e suas cargas elétricas
o que me garante, ainda mais porque eu aprendi
que campos magnéticos não interferem no sujeito elétrico?
sua velocidade deslizante, aço, vibrante e eu ali
partícula, elétron de um átomo transportador, ou um próton
pode ser neutron, combina mais com meu estado anímico
o espaço dividido com o consentimento de não ter
interações elétricas e cerebrais, estamos em que estação?
mas é AM ou FM? sei que já era PM
interações oculares de partículas e ondas, acho que era onda
invadem e saem em vazios cheios de energia mental
efeito colateral, bem e mal estar numa estação e outra
mas no rádio pode voltar no deslizar do dedo
acho que ali também, com o desligar desse ou daquele interruptor
e deixar escoar a corrente na diferença de potencial de antes
mas dá pra fazer assim, alternada e contínua, na vida de uma maneira geral?
retornar os experimentos, as experiências, as reações
rebobinar com as mãos ou uma caneta . . .
a qualidade não deve ficar a mesma
o humano não supera na grandiosidade o natural
vejo isso de minha existência vegetal, elétrica, animal, máquina à vapores
alimentação, sabores
crescimento, dores
sono, mais um dia de luz e calor,
chuva forte ou chuvinha,
de combinações em número, grau, complexidade
superiores a qualquer invenção ou programa de computador . . .