sexta-feira, 13 de março de 2009

Ah . . . vira o tempo
vira o dia
vento, pensamento, sensação
estou parado, salvo pelo mundo virtual
sou um ser, vivo, morto
a espera da ave de fogo
como a miração de outrora
que certa vez me levou pra passear na sua cauda
vento, pensamento, sensação

quem sou eu?
o de sempre, aquele reflexo
dialógos de espelho
porque na reflexão
estamos tanto seguros quanto presos
prisão voluntária, hesitação, fuga
nas palavras, nos gestos

sou o que então?
sou tristeza de não ser
a espera da ave que me aqueça
por enquanto tenho tempo de sobra
uma hora sol, calor, luz
e do outro lado a neblina e o frio incomodam

tempo de duas caras
esperança e cúmplice do estrangulamento
o tempo que sorrateiro me ajuda a fugir
vem sorrindo
me dizendo que ainda está por vir
tempo, comparsa da fraqueza e do medo
quando me sequestram da sua presença

sou então alguma coisa que não sou eu?
participo deste ato violento
e ao mesmo tempo vítima
da mesma forma que o tempo
sou um enganador
que tenta deixar indícios de inícios
com pressa, ponho e corro
e pressuponho o tempo
pressuposto falso?

jogo sementes das flores mais bonitas e cheirosas
e das árvores mais seguras
sou então um triste semeador de esperanças?
espero que sim
a espera da ave que me leve . . .

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