ventos, palavras, toques . . .
como não falar da virada do calendário? acreditar na sua correspondência com a natureza? verão? calor? sol, estrela noites quentes, suor, som de ventilador . . .
sou transportado numa lufada sonora para minha infância a cada ventilador que passo. férias, natal, planos para o próximo ano. mudanças em mim que hoje vistas causam vergonha, enquanto com os outros pequenos um carinho quase paterno.
mas e as mudanças de agora? arrastado pelos poentes (e nascentes) a praias onde estátuas observam estáticas o horizonte, sozinho me encontro. rios de sonhos correm suas águas. e onde eu estou? na margem? olhando meu reflexo cada mais irreconhecível no movimento . . .
são cacos que me compõem e que às vezes manuseio (eu?) mesmo . . .
mas e o ano novo? verei das margens ou molharei a cabeça nas águas sonhadas? chegaria inteiro no mar ou me perderia nas quedas e correntezas?
leves doses de certezas são necessárias pra não se perder em correntezas . . .
ah! que vire o calendário