quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

amores idos . . .

ventos, palavras, toques . . .

como não falar da virada do calendário? acreditar na sua correspondência com a natureza? verão? calor? sol, estrela noites quentes, suor, som de ventilador . . .

sou transportado numa lufada sonora para minha infância a cada ventilador que passo. férias, natal, planos para o próximo ano. mudanças em mim que hoje vistas causam vergonha, enquanto com os outros pequenos um carinho quase paterno.

mas e as mudanças de agora? arrastado pelos poentes (e nascentes) a praias onde estátuas observam estáticas o horizonte, sozinho me encontro. rios de sonhos correm suas águas. e onde eu estou? na margem? olhando meu reflexo cada mais irreconhecível no movimento . . .

são cacos que me compõem e que às vezes manuseio (eu?) mesmo . . .

mas e o ano novo? verei das margens ou molharei a cabeça nas águas sonhadas? chegaria inteiro no mar ou me perderia nas quedas e correntezas?

leves doses de certezas são necessárias pra não se perder em correntezas . . .

ah! que vire o calendário

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

se fosse inseto era casca.
calendário interior no exterior das coisas a volta
tudo reflete o dentro
e fora, só verso
reverso do ser
avesso de sempre
destino certo
traçado
desconhecido

"a ave sai do ovo. o ovo é o mundo. quem quiser nascer tem que destruir um mundo. a ave voa para deus" Demian, Hermann Hesse

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

trechos de fora e dentro . . .

Para criar, destruí-me; tanto me exteriorizei dentro de mim, que dentro de mim não existo senão exteriormente. Sou a cena nua onde passam vários atores representando várias peças.
. . .
chefes industriais e comerciais, políticos, homens de guerra, idealistas religiosos e sociais, grandes poetas e grandes artistas, mulheres formosas, crianças que fazem o que querem. Manda que não sente. Vence quem pensa só o que precisa para vencer.
. . .
Um quietismo estético da vida, pelo qual consigamos que os insultos e as humilhações, que a vida e os viventes nos infligem, não cheguem a mais que a uma periferia desprezível da sensibilidade, ao recinto externo da alma consciente.

Bernardo Soares. Livro do Desassossego.
Fernando Pessoa

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ali

ali
se

se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse

se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce

ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece

Paulo Leminski

jaz em mim

quem cala
é silente
lentamente ou não
segue silenciando
não a si somente
mas a todos os entes
que diametralmente
são dias
simplesmente
sementes . . .

o silenciado natural
rente ao silêncio total
lá no abissal

. . . sementes
que brotam
resurgindo
de repente
com o som

o ser mente
e se mente
tanto faz
se jaz silente!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

saudade do amor presente

queria falar de amor
já não quero mais
isso não quer dizer muita coisa
tanta coisa assim

poesia e azia? mal-estar
não é só isso, é sabido
mas sem mais nem menos
eu queria

já não quero mais, eu disse
mas cá estou falando de ontem
e ontem, ah que vontade
saudade, verdade, tranquilidade

às vezes se quer dizer
mas nem mais nem menos,
só o necessário para ver
pensar, rever, calar e só, querer
vento . . .
silêncio profundo
inaldito mundo
maldito? nem dito
silêncio surdo
ouvido virgem ao mundo
absurdo som
surdo, mudo e cego.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

principiante condição

condição
contradição
pra não passar em branco
exercitar a superação

princípio principal
principiantes precisos
precisando
precipitando
problemas
preciosos

e é precisamente nisso
ou naquilos outros
não mencionados por hora
supera-se sem e com demora

ora, ora, ora
agora é coisa imensa
demoraria uma vida
se precisasse entender
pra ir embora

a condição real
é a própria contradição ideal
falando sobre
palavras e gestos
gestos e palavram
trocam idéias
e carícias . . .
em cada um
nas suas vidas
este namoro
este caso
por acaso
se houver carinho
respeito e vontade
eles vivem em harmonia . . .
a palavra sensível
o gesto elaborado
expressão
saudável
seres sãos
a gesticular idéias
a falar movimentos . . .
e pra não se perder
nos jogos das palavras
joga-se para o alto
braços e desejos
livrivendo
na parcela que lhe cabe . . .

quinta-feira, 29 de julho de 2010

está cessando o primeiro mês
do segundo semestre
do ano de 2010
de um calendário inventado . . .

hoje foi um dia de sol
e só!
que nada . . .
vida de escritório

quarta-feira, 28 de julho de 2010

da tua carne
eu sou carnívoro
e de tuas matas
quero as flores e frutas
que escondes, mas revelas
no cio da tua terra
sedenta, faminta
por semente
pra brotar e florir
nascer e crescer
tua carne é gozo da vida

onda de significados

o significado do organismo
que representamos para a terra
é de natureza planetária
com camadas várias entremeadas
repleto de entrelinhas . . .
uma onda
se inicia numa diferença
movimento na matéria
movedor de matéria
diferença de potencial?
ondulante a história vai
com deslocamentos
recomposições
transmissões
importações
exportações
explorações
sons, megatons
são tantos os pontos
que o significado
representamos para a terra
é de natureza planetária
com várias camadas entremeadas . . .
uma onda

terça-feira, 6 de julho de 2010

se olha e observa
que o que absorverá
verá que se é observado
e se acolherará

se olha e se observa observando, lendo o que lhe serve, querendo o que lhe sirva, sorvendo como quem sorve e . . . nada . . .
chega-se ao lugar que se começa
a introdução da peça
e sem prejuízo da pressa . . .
tudo

mas o hábito não é esse
isso se sabe
sem maldade

situação de verdade,
ou apresso da vontade?!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

drama

discontrair
contrariado
difícil resistir
a não ficar do lado
olhar a um pé da coisa olhada
desconcentrar
sair de perto da amada
se distanciar

dores de expansão e movimento

as mudanças
mortes de personagens
broto de uma nova existência
talvez não tanto outra
ou ainda não mesmo
o mesmo só acréscimo de tempo
dia, sol, chuva, noite, lua, estrela
horas de sono
amanhecer

mudanças, crescimentos
momentos (ou serão contínuas?)
em que a casca
a estrutura rígida
as forças tensas
cedem ao materialismo histórico dialético
tese, antítese, sínteses várias
mutações, seres adaptados

a natureza demonstra
caule de árvore
sua Força, sua libido, rotação terrestre
e uma parede . . . tensão
força>resistência
dobra-se ou se perfura o obstáculo
resistência>força
dobra a si mesmo para chegar a luz
objetivo, vontade
racional ou não
ou perece

"morte, morte, morte
que talvez
seja o segredo desta vida"

sexta-feira, 25 de junho de 2010

o que vale é a lição
diga ou não
vale o que foi visto
sentido
imaginado
e mesmo que viajado
vale o foi

daí o esforço de inteligência
pra adequar
sem caozada
sem querer ver sem ver
sem razão de ser
só com razão Para ser

"vou mostrando como sou"
ouvi dos baianos
repito porque
não há nada a tirar
e a pôr, muitas coisas?
mas vamos sendo
no possível

haja dito
e haja visto
sem maiores explicações
com muitas sensações
ações sensórias
sensações acionadas
e prossigamos
com as passadas


e o pássaro
pensa pássaro
certo!
e tem um ponto de vista somente
sobre nós

e é uma pena pensar
com antena
sem sintonia . . .
mas tem imagem
do que seja
do que se deseja

cada um,
dois ou mais,
mas que sejam ou que seja,
acaba sendo
o que tá
e isso explica
sem falar
nos disfarces
que são impasses
cortes abertos - caminhos
cicatrizes - sustentação
fenda

quarta-feira, 16 de junho de 2010

jogo da seleção
(2x1 nos comuna)
comemoração na coluna
(aê madura, se leu leu senão não ishi)
ritual:
santa telão
som
comigo
lapa coyote
som
com ele
cada um no que lhe cabe
aquilo que sabe
assim a vida se abre
sem a + b
só belê
indo e vindo
dentro e fora
mudança e mania
mania de mudança?
desculpa?
just - amente - fica - a dúvida - ativa
sativa
reativa
cadê saliva?
cadê alívio?
certo livro
certo e livre
. . .

terça-feira, 15 de junho de 2010

passeando

segue a pegada
passo a passo
pegada sempre a frente
sigo atrás?
às vezes sim
mas quase sempre não
sigo no meu passo
e deixo pegadas
passo a passo
ultra-passo
firme e falho
retardatário
se é corrida
não corro - só corro
ando, vagueio
e no olhar vago
não pago
pego, pegado
pegada
adiante passo

segunda-feira, 31 de maio de 2010

todo ser humano
nasce sabendo fazer
qualquer coisa que seja

você veja
é só querer
levantar o pano

sem medo do engano
buscando mesmo ver
a sua, nossa peleja

a coisa dada de bandeja
é pra perceber
passa ano a ano

mesmo um pouco insano
deixar acontecer
copos de cerveja

quarta-feira, 26 de maio de 2010

afinal de contas
a conta não é o final
é só pra sentar
e depois sair

o produto esperado
o bruto passado
podia desejar a milanesa
podia te por a mesa

mas nessa besteira certeira
perde-se o espanto
o susto esperado
o medo desejado

afinal se sabe
só o de antes até aqui
de resto curtição
até o sinal final

conta quem sabe
que no fim, sim
mas que nunca chegará em vida
se pensará convicto . . .
sim ou não . . .
afinal . . .

sexta-feira, 21 de maio de 2010

COLUNA 03 (presentes e ausentes)

salve os que rodeiam
os que próximos
a quaquer sinal
acenam de longe

aceno simplesmente
às vezes abraços
que na distância
permanecem vivos

salve a coluna
comum idade
a se construir
passo a passo

salve a salva surpresa
o ensinamento
o dito e feito
o destrambelhar

a tranquilidade
a amizade
o fechamento
a diretoria

contação de histórias
onde até os novos
contam abertos
para ouvidos alertas

salve o sumiço
salve a saudade
salve o silêncio
que pode ser máscara de relevância

coluna 03
estágio não remunerado
muito aprendizado
teve, tem e terá sua vez
frase do dia:
fase de tempos e tempos
o dito difere do feito
mas é coisa a se pensar

o feito não precisa complicar
basta ver, observar
nomes serão falados
pessoas serão citadas

já o dito
esse faz curva, rodopia
muda de noite para o dia
mas há de ser bem dito

sábado, 8 de maio de 2010

idas e vindas, altos e baixos

sempre de volta
dando muita volta
semeando a volta
como os pássaros
sem querer, querendo

sabendo que
o que vai volta . . .
(sem imaginação metafísica)
. . . o que vai volta
porque o ido
é parte de dentro
e guarda consigo
seu contrário
sua contradição

filosofia barata muito cara
o que sobe desce
pela lei da gravidade
e como se não bastasse
pela lei da humanidade

no muito tem o pouco
e vice-versa
de tudo fica um pouco
coisa à beça

ah felicidade . . .
feliz estado
mas sua dialética
a realidade do não-feliz

a beleza dessa abertura
acolhe em colo terno
mas impõe iluminada
a pincelada responsável

serenidade
serena idade?
será na idade apenas?
não é apenas idade . . .

comunidade
idade em comum
soma aleatória
anúncio de aprendizado
mente prenhe de vontade
somente
o conteúdo
isso é o que menos importa

mensagem indefinida
de coração sincero
aberto pra expressar
é o que basta
e o ouvido, a pele?
isso são coisas do mundo
e o que é dele
só acessamos com nossa fonte de luz

lâmpada consciente
iluminando o mundo real
o foco, a lente, mutáveis
sendo até o observador
(prostado antes ainda do foco de luz)
mutável
talvez até a mutação fundamental
a que define
humano/animal

quando se quer estudar
isola-se e calma
luz voltada para o estudo
escolher a lente
ajustar o foco
concentração
atuar com centro pra ação

retirar da lente as manchas
buscar os focos vários
com a calma devida
pra não crer tanto
a ponto de sofrer com a descrença

o prazer de errar
reside na verdade
que se impõe vazia . . .
com calma se observa
e aquilo que tá na cara
dá na cara e dói
mas se respiro
um mundo de ar puro se abre . . .

sábado, 24 de abril de 2010

falatório desbaratinado . . .

quinta-feira, 22 de abril de 2010

o que você é pra mim?
tema de poema?
drama sem trama?
caso ao acaso?
lusco fusco
brilhante e fosco?
tudo e nada?
instante eterno?
ausência presente?

e o que eu sou pra você?
ausência de instante
um nada fosco
escuridão
um drama ao acaso
poema de mim

FUZUÊ

ao fetiche de ser confuso:
só é confuso
quem não é também
não basta não saber
não ter certeza
tem ao contrário
de ser convicto de seu estado
e não se sentir culpado
(um pouco somente)
ter dúvida da dúvida
pois as coisas são tão claras
estar incerto da incerteza
porque uma ou outra
certa ou errada
não dizem: Vá! ou Não!
e sim, enfim
quem diz
é a vontade sem reflexão!

indeciso II

a decisão . . .
o medo do que vem
a dúvida . . .
paralisante com ou sem
o que se deseja?

mistura do que já foi
se está sendo
e abertura . . .

. . . o amor rouba a cena
. . . o trabalho, que pena
. . . o desenvolvimento empena

leve dor na alma
pela falta de calma
na busca de algum estratagema

. . . romantismo como lema
. . . preguiça é um problema
. . . pouca fala no poema

uma boa dose de surdez
outra boa de cegueira
e um excessivo tato in(trospecti)voluntário

e assim confortável
finjo não ligar
e não (te) ligo . . .

me entorpeço
me nego
quando só comigo

não me conheço
não me enxergo
quando só nos outros

dentro e fora
semeio e rego
ao meu redor
e só
indecisão

quarta-feira, 21 de abril de 2010

meu estado é anímico
horas de mímico
comigo cínico
olhar químico
pulsando rítmico

onde se expressa o pulsar que sou eu, ou em alguns deles, muito tempo se manteve ritmado, e ainda se mantém, existência anímica, animada quimicamente, numa mímica cínica do ser tal ao qual passo sendo . . .

. . . mas figura horas sendo uma química experimental, olhar clínico, cínico, eu comigo, num ritmo que pulsa de acordo com o estado da mímica química, animal . . .

segunda-feira, 12 de abril de 2010

indecisão

às vezes na indecisão
se vai
ou não

às vezes indeciso
não quero
ou preciso

indeciso, indefeso

indefensável é a indecisão
indo ou não
responsável

indecisa, imaginada

indispensável é a situação
sendo ou não
realizável

indecisos, indecisão

domingo, 11 de abril de 2010

mistério há
no olhar de criança distraída
olhar perdido
vendo pra dentro
coisas ligadas por finos fios
das coisas de lá
às coisas de cá

muito mistério há
nas coisas deixadas
que seguem caminhos
só depois conhecidos
ainda assim de maneira incompleta
que se podem até imaginar
mas são verdadeiramente sentidos no -ar

se espantar com as fisionomias!

olhando distraído
pra chuva de manhã
podia pensar
que cada um
tem um guarda chuva que lhe cabe

mas como as coisas não são bem assim
se acredita pouco ou esquece

a coisa vai do olhar neste caso
ela vai por ela própria
se tem relação é problema nosso

pode-se pelo menos dizer
que em certas circuntâncias
cada um tem o guarda chuva que escolheu
mas isso também não é de todo verdade

ah . . . mas cada um usa o seu guarda chuva
da maneira que lhe convêm

mas qual é a importância real disso?
se espantar com as fisionomias
como diz certo Pessoa
toda uma ciência fisiológica
fisionômica

segunda-feira, 29 de março de 2010

sua história pessoal
não se pode confundir
com a história do lugar

história do local
é uma corrente de pessoas
com enredos vários
ricos de momentos diversos
com versos próprios
e impróprios
ditos, pensados, disseminados

a história pessoal
é propriamente
matéria de cuidado atento
incomparável
planta, se não única, rara
e até hoje sabido
com uma só via
sem desenrolo ou conversa

domingo, 28 de março de 2010

você que vive se encontrando
se conhecendo tão bem que se basta
se achando por aí e ali
não esqueça
que no popular se diz
que quem se acha muito
é metido em problema grande
se perde crente que seja isso ou aquilo
substitui a dúvida pela arrogância
e o auto-conhecimento se automatiza
esquecendo de lembrar
que é impossível fotografar seu próprio espectro
num instante
e não vale a pena tentar
pois isso não é matéria de pensar
melhor é respirar fundo
e olhar pra fora
porque mesmo só somos
in e out-a/mente dependentes
ligados, frágeis, fragmentos
inventos provisórios no dia-a-dia real e ilusório
estátuas de gelo ou brasas ardentes
no fim se veem não bem o que pensam somente

narcisudo

estranha espécie
de visão de si mesmo
olho e espelho
visão de si no outro
estudo da fisionomia alheia
da paquera aos transeuntes
andança acompanhada
vista e revista
passo a passo
carência de saber
como se está
como se aparenta
se vendo com os olhos do outro
ânsia por segurança
mínimo de certeza
entre o que vou sendo
o que vou imaginando
e aquilo sido

dialética matemática

ângulo reto
o olho do reto
te olha de lado
vendo fundo
na verdadeira
final e derradeira
dialética
a merda
se formando
simplesmente
por viver
misteriente
ser vivo
elétrico
circulação
combustível
vida-movimento
espontâneo
agregado
matéria
conjunto
corpos
software
seres

sexta-feira, 5 de março de 2010

MADURA!

qual é o contrário da vida madura? é a fruta verde rsrsrs - espero que cê veja hein rsrsrs . . . abraço intercontinental . . . olha os terremotos!!! rsrs - contra-band-iando informação etnográfica!
interessante o fato, feito e visto, do reflexo aliviar a alma, absorver o mal estar, retomar a calma, fazer o bem pensar - diretoria - retornar o riso, sempre momentâneo, meio teatral - ainda melhor por isso, ser tarefa, riso verdadeiro, não simplesmente espontâneo, mas trabalhado . . . viva ao trabalho!!! já me disseram como passe, toque, conselho, dica, bisi - salve samuca! - que o que sou é luta, é exercício, é treino . . . Iê é capoeira, roda é roda, Iê viva meu mestre - Bába -, sempre (pre)parado, Iê quem me ensinou, a jogar solto, Iê a vadiar, mas amarrado e atento, Iê viva Pastinha, que caiu no Angolinha, Iê vamo se embora!!!
na sabedoria atropelada, do coração palpitado, da ida trapalhões, fui, fomos, fumo pitado, palavras ouvidas, passos dados, refletidos, em linguagem complicada, problematizados, que nada mais é que uma briga de bonecos ( brincadeira de infância recorrente na história - corrente - desguando sempre num amanhã nunca chegado) um ponto, um conflito de pontos - que são pontos de vista - um desenvolvimento não querido, uma reviravolta fantástica, redentora, uma revolução, um rearranjo . . . sabedoria que é tarefa e momento, instante por fazer, procurado sem buscar ver, trilhado sem querer saber, vivida atropelada, com o coração palpitado . . .

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

o espanto do óbvio
não o óbvio em mim
mas o mais que óbvio
o da coisa mesma
o dermoronamente geral
o tropeçar de costas
um teto preto
fraqueza de febre
com uma leve e densa cegueira
o desaparecimento desejado . . .
de repente ou demoradamente
normalidade
sereno
humilde refazer-se dos cacos
fantasia de carnaval
catada perdida nos cantos
entre as coisas familiares
um prazer estranho
estranhamente doloroso . . .

nos espaços vazios
mas carregados de movimentos
reais ou não
histórias . . .
vazio sentido realmente
leve solidão
em meio a um palco de multidões
que ainda cedo
com sol bem em frente aos olhos
permanece vazio
e para esse espaço
parece querer fugir minha substância

. . . sensação estranha
prazerozamente dolorosa
feliz estado
em que por um motivo qualquer
- não pensado muito
porque não cabido -
sereno, serenata
se estabelece boa visão
sintonia entre o visível
e o visto - para mim ao menos
sensação de estar vivo
e só, somente
observando o observável
e o observível
desejável
projetável realmente
cabível . . .
boa luz
inspiração

domingo, 14 de fevereiro de 2010

mistério da noite quase tranquila
és tão plena de ar e clima
és calma e tentadora . . .
quando louco te percorro sem notar
me surpreendes
me faz observar
ah . . . observar
sorver o real
no que ele tem de objetivo
apreender e aprender o que se vê
naquele instante momento somente
sem pretender porém
algo tão especial assim
algo tão definitivo . . .
até tu noite tranquila
há de se acabar
há de se acabar eu
há de se acabar tu
tranquilidade, felicidade
e outras qualidades
aproveita-se na hora
pois não é coisa
é estado . . .
hei de aprender
noite tranquila
quando pintar
vaidade, ansiedade
e outras superficialidades
cuja profundidade confunde
fazendo crer que é real
quando se trata de trato
de trela de mim pra mim
sendo outro personagem
simples assim . . .
noite tranquila
seu silêncio fez coro
para o decoro das vozes
que resolveram falar polidamente
mas que de tanto ouvi-las
já as carrego gravadas na cabeça . . .

marchinha avoada

eu quero-quero ficar com você

não sabiá como ia fazer

eu bem-te-vi quando sonhava . . .

e pica-pau quando te levava pra casa!
é dessas que vem de primeira, sem eira nem beira, pensando em dizer por dizer pra dizer bem sério . . . 'minha carne é de carnaval, meu coração é igual/aqueles que tem um seta e quatro letras de amor/por isso onde quer que eu ande, em qualquer pedaço eu faço um campo grande' . . . são influências que chegam de todos os lados, despertando e adormecendo, escurecendo e clareando . . . são propostas de algo que seja eu sendo eu vários mesmo assim, dizendo sim ou não, sendo lúcifer ou um inocente querubim . . . vou indo no bloco com bateria, com cadência, com ritmo e alegria . . . essas que saem assim como que não quer nada, de propósito só com o propósito de ser sem . . . é carnaval e eu também . . .

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

coletílico

a luz acabou
mas a cerveja chegou
o vento levou
tudo pra longe

de distância não vivo
meu coração não é cativo
porque a vida acolhe
os seres aflitos

sigo no compasso
no que digo e faço
se continuo, não volto
se quero não solto

e quando a luz chegar
se o bloco passar
sei que vou ficar
chapado aqui . . . ou em qualquer bar

(treeangulo/coyote/PS)
os ciclos naturais
são mais que normais
são fenomenais
alguns encontros e sinais

o mar movimenta
muda, se inventa
dia a dia
ano a ano

Má é mulher
linda da cabeça ao pé
onda a onda
maré em maré

Má não é boa nem má
se Má, ria na vida
Má, ria na chama
Má, ria na cama

encanto
plenitude
acalanto
atitude

silêncio
sem peso na leveza
coração calmo
alguma certeza

Má, ria na vontade
mas Má é uma infinidade
segue o coração
de pouca muita idade . . .
. . . pouca muita saudade . . .
. . . saudações urgentes . . .
em cada caso
em todo caso
ali me acabo

e se eu prossigo
trato contigo
ao fim e ao cabo

gasto o encanto
mesmo no canto
canto encantado

pergunto se posso
a cabeça eu coço
e fico abobado

continuaria escrevendo
inspiração imagitevendo
o por vivido

encontro não pensado
ou até planejado
mas mais que querido

domingo, 10 de janeiro de 2010

ir la pa passar, verão

vou pa la pa longe?
ou la pa perto?
vou la pa quê?!
tudo isso tem que ir la pa ver

la pa la há um lugar
um lugar de la pa la de muitos
de visões la pa la de cheias
bonitas e feias

da labuta a la batata
da verdura a la madura
uma penca de coisas
la pa la de latentes

prestes la pa ser
ir la pa rir
ver la pa querer

la perceber
pa poder realizar
la pa longe
la pa perto
será

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

luminosa noite
anuviada
farol na chuva
névoa, voa . . .
caminho longo
para dentro
e quando fora
buscando seu interior
inteiramente
claro, é claro
de que inteiramente
nada se sabe

é sabido, sabe-se
que o caminho
não tem a ver com espaço
e com o tempo
possui uma relação inventada

porém, ah porém
nesse samba marcado
cada um no seu momento-espaço
no seu espaço momentâneo
subterrâneo, disfarçado
naturalmente atento
com os olhos, mil olhos
laterais, periféricos
ciente (de não ver importâncias)
paciente
ciente de suas patologias

se nisso ou naquilo sou pato
é nesse ou naquele objeto
que passarei meu tempo
e caminharei milhas

ah . . . transtornado e feliz
transformar o tempo em potência
e o espaço nesse passo
sambado, xoteado
tocado por sons
tocando seus dons
tocando entre bons
tocado pelos tons
megatons, elétrons
geradores de cores
luminosas e anuviadas