terça-feira, 14 de dezembro de 2010

trechos de fora e dentro . . .

Para criar, destruí-me; tanto me exteriorizei dentro de mim, que dentro de mim não existo senão exteriormente. Sou a cena nua onde passam vários atores representando várias peças.
. . .
chefes industriais e comerciais, políticos, homens de guerra, idealistas religiosos e sociais, grandes poetas e grandes artistas, mulheres formosas, crianças que fazem o que querem. Manda que não sente. Vence quem pensa só o que precisa para vencer.
. . .
Um quietismo estético da vida, pelo qual consigamos que os insultos e as humilhações, que a vida e os viventes nos infligem, não cheguem a mais que a uma periferia desprezível da sensibilidade, ao recinto externo da alma consciente.

Bernardo Soares. Livro do Desassossego.
Fernando Pessoa

Nenhum comentário: