sábado, 15 de janeiro de 2011

afundado em superficção

devo sim tratar as coisas na superfície!

mas que perda não seria deixar de perder-me?
nos vales e leitos das coisas
o subterrâneo entendimento
rasteiro, sublime

lá no alto
nos topos e encostas
a luz e o vento revelam linhas e contornos
diferenciando e definindo toda experiência

deixando certos entendimentos

basta! tenho sim
fora essa emoção científica toda
de permanecer a um pé da coisa
cautela devida
sem mais meio ou fim
somente a devida atenção

devo imaginar
o tal e qual sobre
de maneira que
esta ou aquela certeza
esteja girando
em ciranda
sobre mim

e numa posição de criação
ver-me voltado para dentro
imaginando o eu sentido
uma imagem, densa e animada
vida orgânica
realizadora de projeções

projeto ao meu redor
filamentos do desejo e do sonho
e de repente me percebo
apenas parte desejada de mim mesmo
projeto de mim, do eu
de deus

ah . . . permanecer na superfície
o ar de tão leve
rarefeito . . .
nuvem
chão
pântano, água, terra
devida profundidade

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